2 de dezembro de 2025

Compras de Natal: a Tua Segurança Começa nos Gestos Simples

O Natal continua a ser uma das épocas do ano em que mais pessoas se deslocam aos centros comerciais, ruas iluminadas e zonas de comércio tradicional. As estatísticas mais recentes da PSP e da GNR indicam que, entre novembro e janeiro, há um aumento significativo de circulação de pessoas e bens, o que cria um ambiente propício não só ao consumo, mas também a pequenos furtos, carteiristas e conflitos ocasionais. Em 2024, por exemplo, a PSP registou um aumento aproximado de 12% de furtos por oportunidade em zonas comerciais durante o mês de dezembro. 

Os centros comerciais continuam a ser espaços relativamente seguros, com equipas profissionais, vigilância discreta e tecnologia avançada. Ainda assim, segurança elevada não significa risco zero. A prevenção continua a ser a tua principal ferramenta, e aquela que mais rapidamente protege a tua família nestes dias movimentados.

O objetivo deste guia é simples: ajudar-te a desfrutar das compras de Natal com tranquilidade, sem perder de vista a tua segurança pessoal. Comportamentos preventivos são pequenos gestos, discretos e naturais, que reduzem drasticamente a probabilidade de te tornares alvo de um furto ou de seres apanhado no meio de uma situação desagradável.


1. O que vestes e o que transportas faz diferença – Antes de pensares no que tens de comprar, pensa no que levas contigo, e no que deixas em casa. Nesta época, usamos muitas vezes o que é mais prático: casacos largos, mochilas, sacos de compras, o telemóvel sempre na mão, a carteira cheia de recibos, cartões e “só mais isto que pode fazer falta”. Mas na prática, quanto mais carregado vais, menos livre te movimentas… e menos atento te tornas.

• Escolhe roupa confortável, simples e discreta. A ostentação continua a ser um dos principais fatores de seleção por parte de carteiristas, relógios caros, fios, pulseiras vistosas e bolsas de marca chamam a atenção.

• Leva apenas os documentos essenciais.

• Prefere bolsas pequenas e seguras. Se usares mochila, leva-a à frente em zonas de maior aperto.

• Mantém o telemóvel sempre guardado quando não estás a utilizá-lo. Andar com ele na mão é um convite a roubos rápidos.

• Ao falar ao telefone, mantém parte da atenção no ambiente. Perder a noção do que te rodeia aumenta a tua vulnerabilidade.

• Auriculares: usa apenas um, sempre com o outro ouvido livre para manteres a perceção do exterior.


2. Nas compras: simplifica, antecipa e reduz riscos – A tua autoproteção não vive da tensão. Vive da capacidade de estares desperto no meio do movimento. Nesta altura, os centros comerciais e as ruas enchem-se. A multidão cria aquela sensação de “está tudo bem”, mas ao mesmo tempo dispersa a atenção individual. E é precisamente aí que acontecem os furtos por oportunidade: um bolso aberto, uma carteira pousada, um telemóvel na mão enquanto escolhes um presente.

• Evita andar com grandes quantias em dinheiro. A PSP continua a recomendar pagamentos por cartão, que são rápidos e mais seguros.

• Se precisares de dinheiro vivo, leva apenas pequenas quantias.

• Faz as compras nos horários menos concorridos, reduzindo o stress e o risco de furtos em multidões.

• Mantém as tuas compras sempre junto do teu corpo e evita pousar sacos no chão.


3. Na rua: atenção tranquila, não vigilância obsessiva – A prevenção não exige paranoia, apenas consciência situacional. É perceberes o ambiente sem te perderes nele.

• Observa discretamente se alguém te segue ou parece demasiado atento aos teus movimentos.

• Muda de direção, atravessa a rua ou entra num estabelecimento se sentires desconforto.

• Evita ruas escuras, becos e zonas com grupos que manifestam comportamentos suspeitos.

• Mantém o telemóvel guardado ao circulares em ruas movimentadas ou estreitas.


4. Multibanco: o minuto em que mais precisas de estar presente – Levantar dinheiro é, em dezembro, um daqueles momentos em que se pede mais foco. Não porque algo vá acontecer, mas porque o risco aumenta.

• Escolhe máquinas bem iluminadas, de preferência no interior de centros comerciais.

• Mantém o corpo a proteger o teclado.

• Guarda o dinheiro sem o exibir.

• Lembra-te: a partir do momento em que tens dinheiro na mão, os riscos aumentam temporariamente.


5. Em caso de assalto numa loja – É raro, mas não é impossível. E nesta área, raridade não dispensa preparação.

Se acontecer:

• Mantém a calma.

• Não corras nem cries movimentos bruscos.

• Não tentes ser herói.

• Segue as instruções dos assaltantes sem argumentar.

• Dá aquilo que tens contigo, documentos e cartões podem ser cancelados em minutos.

• É simples: as coisas têm valor, mas a tua vida tem ainda mais. E nada do que tens contigo é mais importante do que voltares seguro para casa.


6. No carro: segurança antes e depois das compras – Depois das compras, o corpo relaxa. É precisamente aí que entram as distrações.

• Prefere estacionar em parques vigiados. São mais seguros e facilitam o transporte das compras.

• Se estacionares na rua, escolhe locais iluminados e movimentados.

• Nunca deixes objetos à vista, mesmo que regresses apenas cinco minutos depois.

• Ao chegares ao carro, evita ficar sentado no interior a mexer no telemóvel. Organiza os sacos e a carteira apenas depois de fechares portas e arrancares.

7. Crianças: o Natal é encantador, mas exige atenção extra – O ambiente natalício é visualmente estimulante, e as crianças dispersam facilmente.

• Mantém uma supervisão constante.

• Combina previamente um ponto de encontro caso se percam.

• Ensina-as a pedir ajuda a um segurança, funcionário ou polícia.

• Para crianças pequenas, coloca num bolso interno uma identificação simples com nome, contacto e eventual informação importante.


Um Natal mais seguro começa com gestos simples 

Viver o Natal com serenidade não depende de medo, mas de inteligência preventiva. A autoproteção é um conjunto de hábitos discretos que te permitem aproveitar melhor o dia, estar mais presente na família e reduzir riscos sem esforço.

A época natalícia deve ser celebrada com alegria, luz e encontro. Mas a tua tranquilidade depende também da tua capacidade de manter uma presença consciente, atenta e equilibrada. Pequenas escolhas podem fazer uma grande diferença.

Que este Natal seja vivido com segurança, calma e confiança, para ti e para quem caminha ao teu lado.



AUTODEFESA.PT



30 de novembro de 2025

Trauma, Consciência e Autodefesa: Um Caminho para a Verdadeira Segurança


Antes de entrares no artigo, convido-te a ver este vídeo do Dr. Gabor Maté. Ele fala de trauma com uma clareza rara e com uma humanidade que toca diretamente no que trabalhamos na autodefesa holística: presença, consciência e capacidade de nos reconstruirmos por dentro. Este vídeo ajuda-te a compreender como experiências emocionais antigas, ou até situações graves de violência, podem influenciar a forma como reages ao perigo e como ocupas o teu próprio corpo. Vale a pena ver com atenção tranquila. Depois, o texto que se segue aprofunda estas ideias e mostra como tudo isto se integra na nossa abordagem à autodefesa.



O treino de autodefesa raramente começa no corpo. Começa dentro de cada pessoa. Antes de aprender a mover as mãos, ajustar a postura ou gerir a distância, é preciso compreender o que nos bloqueia, o que nos assusta e o que condiciona a nossa presença em momentos de tensão. É aqui que o trabalho do Dr. Gabor Maté se torna tão relevante para quem segue uma visão holística da autodefesa, onde corpo, mente e emoções formam um único sistema que precisa de equilíbrio para gerar verdadeira segurança.

Maté recorda-nos que o trauma não é definido pelo acontecimento traumático, mas pela ferida interna que esse acontecimento deixa. Uma ferida emocional que continua a viver dentro de nós, influenciando a forma como reagimos, como sentimos e como interpretamos o mundo. Muitas dessas feridas nasceram de mecanismos de proteção criados na infância, retração, medo de confronto, silêncio, hipervigilância, que foram úteis naquele tempo, mas que hoje podem limitar a nossa capacidade de agir com clareza e firmeza.

Contudo, no contexto da autodefesa, é essencial reconhecer que o trauma nem sempre tem origem apenas nesses padrões emocionais antigos. Muitas pessoas carregam feridas profundas decorrentes de experiências reais de violência: violência doméstica, agressões físicas, abuso sexual, intimidação ou violações. Estas situações deixam marcas no corpo e na mente, alteram a forma como a pessoa percebe o perigo, como interpreta o toque, como reage ao stress e como se sente em relação ao próprio espaço pessoal. Para quem viveu este tipo de violência, o treino de autodefesa pode tornar-se um caminho de reconstrução. Não é apenas técnica; é recuperação, reencontro e, muitas vezes, uma forma de voltar a ocupar o corpo com segurança e dignidade.

O vídeo de Gabor Maté que partilho neste artigo aprofunda esta visão de forma luminosa. Ele explica que, se o trauma é uma ferida interna, então pode ser curado, independentemente da nossa idade ou história. Esta perspetiva é poderosa porque abre portas. A autodefesa holística que trabalhamos apoia-se precisamente neste princípio: fortalecer o corpo, sim, mas também cuidar da mente e das emoções. Quando tomas consciência das tuas feridas internas, geres melhor o medo; quando curas padrões antigos, ganhas presença; quando compreendes as tuas reações, deixas de responder impulsivamente e passas a agir com clareza.

Este é o verdadeiro propósito da autodefesa holística: unir técnica física, maturidade emocional e consciência interior. Não se trata de criar lutadores, mas pessoas mais inteiras, mais seguras e mais livres. Pessoas que conseguem reconhecer ameaças externas sem se deixarem paralisar por feridas internas. Pessoas que aprendem a estabelecer limites, a afirmar-se, a respirar quando tudo aperta e a decidir com calma mesmo em situações difíceis.

O contributo de Gabor Maté, médico húngaro-canadiano, referência mundial no estudo do trauma, dependências e desenvolvimento humano, é inspirador porque junta ciência, compaixão e experiência clínica real. Para nós, que treinamos autodefesa, ele lembra-nos algo essencial: a força verdadeira não nasce apenas do músculo, mas da integração entre aquilo que sentimos, aquilo que pensamos e aquilo que somos capazes de fazer.

Ao veres o vídeo, convido-te a escutar não só com a mente, mas com aquilo que mexe por dentro. Repara no que desperta: emoções, memórias, resistências, ou apenas curiosidade. Seja o que for, observa com calma. Cada tomada de consciência é um passo. E cada passo é uma forma de te fortaleceres por dentro, para estares mais presente, mais estável e mais preparado para cuidar de ti no mundo real.




📌Leitura recomendada: 



O Mito do Normal: Trauma, Doença e Cura Na Cultura Tóxica 

 Gabor Maté


● Por que recomendo "O Mito do Normal"

"O Mito do Normal" convida-te a repensar aquilo que a nossa cultura costuma tratar como natural ou saudável. Gabor Maté mostra como muitos dos nossos desconfortos físicos e emocionais têm raízes em traumas não resolvidos ou em stresse acumulado ao longo da vida. Com a experiência de décadas de trabalho clínico, explica de forma simples e humana que estas feridas internas podem nascer tanto na infância como em situações traumáticas vividas mais tarde. Em vez de ficar apenas na análise, Maté oferece uma visão compassiva da cura e lembra-nos que a verdadeira saúde exige olhar para a pessoa como um todo: corpo, mente e contexto. É um convite para recuperarmos o equilíbrio, a autenticidade e o bem-estar, de dentro para fora. 


● A importância deste livro para quem estuda defesa pessoal

Para quem treina autodefesa numa perspetiva holística, "O Mito do Normal" é um recurso essencial. O livro ajuda-te a compreender melhor a origem de medos, bloqueios ou reações automáticas que surgem no corpo e na mente, muitas vezes ligados a traumas antigos, mesmo que não estejas consciente deles. Ao entenderes e curares estas feridas internas, ganhas mais presença, atenção e clareza, qualidades fundamentais para lidares com situações tensas dentro e fora do treino.

Além disso, Maté reforça a ideia de que a verdadeira segurança não depende apenas da força física, mas da integração entre corpo, mente e emoção. Reagir bem a uma ameaça implica estar calmo, consciente e enraizado, algo que se constrói através da auto-compreensão e da regulação emocional. O livro desafia ainda a normalização do mal-estar psicológico e convida a um treino mais maduro: proteger o corpo, sim, mas também cuidar da mente e fortalecer o interior para que a autodefesa seja completa e transformadora.


● Quem pode beneficiar especialmente desta leitura

Este livro é especialmente valioso para quem deseja compreender como traumas antigos ou recentes influenciam as respostas ao medo, à dor, ao stress e às situações de risco. Ajuda também quem procura desenvolver uma segurança verdadeira, assente não apenas na técnica, mas numa combinação de presença, equilíbrio emocional e consciência de si próprio.

É igualmente recomendado para instrutores e praticantes de autodefesa que querem integrar uma abordagem holística no seu treino, olhando para a pessoa de forma completa e não apenas para o corpo físico. Para quem vê a autodefesa como um caminho de crescimento pessoal, este livro reforça a ideia de que transformar vulnerabilidades em força e feridas em presença faz parte dessa evolução.











31 de outubro de 2025

Autoproteção Consciente: Viver Preparado num Mundo de Incertezas


Compreender o medo, fortalecer a atenção e desenvolver hábitos de segurança que começam na mente antes de chegarem ao corpo. Porque a autoproteção é uma prática de consciência, não de agressividade.




ENTRE O SENTIR E O REAL

Um em cada três portugueses tem medo de ser assaltado ou agredido. Os dados, revelados pelo mais recente Barómetro da AssociaçãoPortuguesa de Apoio à Vítima (APAV), representa um aumento de dez pontos percentuais face a 2023 e confirma que o tema da segurança continua profundamente enraizado nas preocupações do quotidiano. Apesar de 63% dos inquiridos afirmarem sentir-se seguros no dia-a-dia e 60% continuarem a considerar Portugal um país seguro ou muito seguro, há uma sensação difusa de fragilidade que parece ter ganho espaço. Como referem os autores do relatório, “a estatística tem o dom de esconder as fissuras que atravessam o verniz do quotidiano”. Portugal é, objetivamente, um dos países mais pacíficos da Europa, mas a perceção de tranquilidade tem vindo a diminuir, sobretudo entre mulheres, idosos e pessoas das classes sociais mais baixas, aqueles que mais sentem, na pele, a vulnerabilidade da vida real.

Desde a pandemia, a desconfiança cresceu. As ruas, os transportes e até os espaços de lazer passaram a ser vistos com outro olhar, mais cauteloso e tenso. “Quanto mais longe da nossa rua, mais perigoso parece o mundo”, escrevem os autores do estudo. A segurança, para muitos, deixou de ser um sentimento partilhado e passou a ser algo que se procura dentro das paredes de casa, no conhecido, no previsível. Curiosamente, apenas 1 em cada 10 portugueses considera a zona onde vive insegura, mas o medo coletivo continua a crescer. Vivemos um paradoxo inquietante: a criminalidade desce, mas a perceção de insegurança sobe. O perigo, hoje, já não é apenas o que acontece, é também o que imaginamos que possa acontecer.

Nos últimos doze meses, 9% dos inquiridos disseram ter sido vítimas de crime, o valor mais elevado desde 2012. Ainda assim, mais de metade não apresentou queixa, principalmente por falta de confiança na justiça. É um dado preocupante, que mostra uma erosão silenciosa: a perda de confiança nas instituições e, em muitos casos, também em nós próprios. “Portugal é, no papel, um dos países mais seguros da Europa. Mas a perceção de insegurança é uma ferida mais social do que factual. E enquanto ela não cicatrizar, continuaremos a olhar por cima do ombro, mesmo quando dizemos que está tudo bem”, lê-se no relatório. Durante o dia, 92% das pessoas sentem-se seguras em casa; à noite, nos transportes públicos, esse número desce para 6%. Em estádios de futebol e zonas de diversão, apenas 11% se sentem confortáveis. Estes contrastes revelam que o medo é hoje mais psicológico do que físico, e é precisamente aqui que o conceito de autoproteção consciente se torna essencial.



GERIR O MEDO COM CONSCIÊNCIA

Autoproteção consciente não significa viver em alerta constante, mas sim viver desperto, com presença e lucidez. É compreender o medo como um sinal e não como uma prisão. O medo tem uma função natural: avisa, protege e desperta. Mas quando se torna permanente, começa a distorcer a perceção e a limitar a liberdade. O primeiro passo para uma vida mais segura é reconhecer o medo sem lhe dar o comando. Quando aprendes a observá-lo, consegues transformar tensão em atenção e ansiedade em clareza. E é a partir daí que a prevenção deixa de ser um peso e se transforma num modo de vida natural, feito de pequenas escolhas conscientes: perceber o ambiente à tua volta, confiar na intuição, preparar o corpo e a mente para reagir com serenidade, e não com pânico.

A autodefesa moderna começa muito antes de qualquer técnica física. Começa na forma como te movimentas, como observas e comunicas. A primeira defesa és tu: a tua postura, a tua energia, a tua forma de estar. Muitas situações de risco podem ser evitadas através da linguagem corporal, da assertividade e da capacidade de manter a calma. Quando dominas o teu comportamento, influencias também o comportamento de quem te observa, e isso é, em si, uma poderosa forma de proteção. A autoproteção consciente é, por isso, tanto um treino interior como exterior. Não se trata de endurecer, mas de ampliar a perceção. É aprender a ler o espaço, as intenções e os sinais subtis do comportamento humano. Não é paranoia, é presença inteligente, e essa presença cultiva-se com prática, reflexão e autoconhecimento.


VIVER PREPARADO, NÃO ASSUSTADO

A segurança não depende apenas das forças policiais, das leis ou da sorte. Depende também da forma como te relacionas com o mundo. Quando estás preparado, ganhas confiança, e quando confias, o medo deixa de dominar, transforma-se num aliado. A autoproteção consciente não é uma técnica para enfrentar o perigo, é uma forma de estar. É o equilíbrio entre atenção e serenidade, entre firmeza e empatia. É saber que o controlo total não existe, mas a preparação é possível e libertadora. Num mundo de incertezas, o verdadeiro poder está em saber o que fazer quando o inesperado acontece. E isso aprende-se. Não é um estado de medo, é um estado de consciência.

O Barómetro da APAV 2025 mostra-nos uma sociedade que se sente insegura, mas que continua capaz de mudar essa perceção, se aprender a confiar novamente em si mesma e nos outros. Talvez a segurança comece precisamente aí: quando deixamos de esperar que ela venha de fora e passamos a construí-la dentro de nós. Autoproteção consciente é, no fundo, mais do que saber defender-se. É saber viver com clareza, atenção e equilíbrio. É compreender o medo sem lhe entregar as rédeas, é treinar o corpo, mas sobretudo a mente. E é perceber que a verdadeira segurança não se encontra na ausência do perigo, mas numa presença consciente. Porque viver preparado não é viver assustado é viver desperto, atento.


AUTODEFESA.PT



30 de setembro de 2025

Autodefesa Anti-Bullying: Preparar Crianças e Jovens para se Protegerem com Confiança


Nos dias de hoje, o bullying é uma realidade que não pode ser ignorada. Acontece nas escolas, nos transportes, nos recreios e até online. Embora muitos pais gostassem de acreditar que este fenómeno “não acontece aqui”, a verdade é que qualquer criança ou jovem pode ser afetado, direta ou indiretamente, por situações de intimidação, exclusão ou agressão.


Mais do que reagir depois de um problema surgir, é fundamental preparar os teus filhos para enfrentarem o mundo com confiança, equilíbrio emocional e capacidade de agir de forma segura. É aqui que entra o programa Dynamic Anti-Bullying, um método de autodefesa pensado para crianças e jovens dos 7 aos 14 anos, que combina competências físicas, emocionais e sociais para prevenir e lidar com situações de bullying.


Porquê Ensinar Autodefesa Anti-Bullying?

Quando ouves a palavra “autodefesa”, podes pensar imediatamente em murros, pontapés ou técnicas de artes marciais. Mas a autodefesa moderna, especialmente no contexto infantojuvenil, vai muito além disso.

O bullying raramente começa com violência física. Na maior parte dos casos, manifesta-se através de comentários depreciativos, gozo repetido, empurrões discretos, exclusão social ou pressão psicológica constante. Por isso, ensinar uma criança a defender-se implica muito mais do que mostrar-lhe como se libertar de um agarramento, envolve dar-lhe ferramentas para se afirmar, pedir ajuda, colocar limites e manter a calma perante a pressão.

Estudos como os da Universidade Nova de Lisboa* demonstram que crianças com maior autoeficácia emocional e social são menos vulneráveis ao bullying. Além disso, programas que combinam Behavioral Skills Training (BST)* e Positive Behavior Support (PBS)* têm mostrado resultados positivos na redução de comportamentos agressivos e no aumento da capacidade de resposta segura e assertiva.

Ao aprender estas competências, o teu filho desenvolve:

  • Autoconfiança e autoestima, fundamentais para que não se deixe intimidar facilmente;
  • Capacidade de comunicação assertiva, dizendo “não” de forma clara e firme;
  • Estratégias práticas de prevenção, para reconhecer situações de risco e agir antes de estas escalarem;
  • Recursos físicos controlados, para se proteger eficazmente se for mesmo necessário.

Dynamic Anti-Bullying: Uma Abordagem Holística

O Dynamic Anti-Bullying é uma vertente específica do programa Dynamic Self Defense, criada para responder de forma concreta aos desafios que crianças e jovens enfrentam no dia a dia.

Ao contrário de programas baseados apenas em técnicas físicas, este método combina elementos de autodefesa, psicologia prática, educação emocional e comunicação, de forma progressiva e adaptada à idade de cada participante.

Durante as aulas regulares, ao longo do ano, os alunos exploram três grandes áreas:

  1. Prevenção e Consciência Situacional — Aprendem a reconhecer sinais de perigo, a manter distância adequada, a procurar ajuda de adultos de confiança e a agir de forma preventiva antes de a situação se tornar grave.

  2. Comunicação Assertiva e Postura Corporal — Trabalham a voz, a linguagem corporal e a capacidade de estabelecer limites claros, aspetos cruciais para dissuadir comportamentos agressivos sem recorrer à violência.

  3. Autodefesa Física Controlada — De forma segura e progressiva, praticam respostas físicas adequadas à idade e ao contexto escolar, sempre com foco no controlo, proporcionalidade e responsabilidade. O objetivo não é “lutar”, mas sim criar uma oportunidade para escapar, pedir ajuda ou proteger-se.


Aulas Regulares e Workshops Pontuais

O programa desenvolve-se por meio de aulas regulares ao longo do ano letivo, permitindo que as crianças e os jovens consolidem os conhecimentos, ganhem confiança e evoluam de forma contínua.

Para além disso, realizam-se workshops pontuais, ideais para quem quer ter um primeiro contacto com a autodefesa ou reforçar competências de forma intensiva. Estes workshops são também excelentes oportunidades para os pais conhecerem de perto a metodologia, observarem os exercícios e perceberem a transformação que ocorre nas atitudes dos filhos.


Mais do que Técnicas: Desenvolvimento Pessoal

Os benefícios do programa vão muito além da capacidade de “responder a um agressor”. Ao longo das aulas, os alunos:

  • Aprendem a conhecer-se melhor e a valorizar os seus pontos fortes;
  • Desenvolvem resiliência emocional, tornando-se mais preparados para lidar com frustrações e conflitos;
  • Melhoram a coordenação motora, concentração e disciplina;
  • Constroem relações de respeito mútuo entre colegas e instrutor, num ambiente seguro e acolhedor.

Muitos pais notam mudanças positivas não só na forma como os filhos se comportam em situações desafiantes, mas também no rendimento escolar, na participação em atividades e na sua disposição geral. Uma criança confiante, que sabe que pode defender-se e impor limites, vive de forma mais tranquila e feliz.


Preparar para a Vida Real

Infelizmente, o bullying não desaparece sozinho. Ignorar ou minimizar o problema pode fazer com que ele se agrave e deixe marcas profundas no desenvolvimento emocional das crianças e dos jovens.

Ao inscreveres o teu filho num programa de autodefesa Anti-Bullying, estás a dar-lhe competências práticas para a vida real, ferramentas que o vão acompanhar muito além da escola.

Saber defender-se não significa promover a violência, mas sim formar jovens mais conscientes, confiantes e preparados para agir de forma responsável.


Participa numa Aula Experimental

Se queres que o teu filho desenvolva estas competências de forma segura e motivadora, convido-te a trazê-lo a uma aula experimental gratuita.

Poderás assistir à dinâmica, conhecer a metodologia e ver, em primeira mão, como a autodefesa pode ser ensinada com rigor, respeito e espírito positivo.

As aulas destinam-se a crianças e jovens dos 7 aos 14 anos e decorrem ao longo de todo o ano. Também podes inscrever-te nos workshops temáticos, ideais para um primeiro contacto mais intensivo.


Uma Geração Mais Forte e Consciente

Preparar crianças e jovens para enfrentarem o bullying é uma responsabilidade de todos, famílias, escolas e comunidade. Ao inscreveres o teu filho num programa como o Dynamic Anti-Bullying, estás a dar-lhe algo que vai muito além de técnicas: estás a oferecer-lhe confiança, autonomia e coragem.

Juntos, podemos formar uma geração mais forte, capaz de agir com equilíbrio e respeito, mesmo nas situações mais desafiantes.



Núcleo de Defesa Pessoal de Lisboa

Programa Dynamic Anti-Bullying

Todos os sábados às 16h30




* Fontes:

A auto-eficácia dos alunos no ensino básico e o fenómeno do bullying

 Estratégias de autodefesa para evitar o bullying

 Intervenções Comportamentais no Ensino de Habilidades de Autoproteção e Prevenção ao Bullying




22 de agosto de 2025

Sair à Noite em Segurança: Guia Prático para Jovens e Pais

Luzes, música, amigos… a noite promete. Mas estás preparado para o que pode correr mal?

Sair à noite é, para muitos jovens, um verdadeiro ritual de passagem. É o momento em que se conquista autonomia, se vive a liberdade de estar com amigos e se experimentam novas emoções. Mas, junto com essa sensação de independência, vêm também riscos que não devem ser ignorados.

Não se trata de te assustar ou de limitar a tua diversão. Pelo contrário: trata-se de te dar ferramentas práticas para que possas viver a noite com mais confiança e segurança. O objetivo é simples: divertires-te, regressares bem a casa e teres a certeza de que sabes lidar com imprevistos.

E, já agora, se és pai ou mãe e estás a ler este artigo, lembra-te de que a prevenção e o diálogo são fundamentais. Ajudar os teus filhos a prepararem-se para a noite é um ato de cuidado e proteção.

 

Os riscos da noite

A noite tem um lado fascinante, mas também esconde armadilhas. Quem já trabalhou em discotecas sabe bem disso. Álcool em excesso, drogas facilmente acessíveis, provocações que podem escalar para violência, situações de pressão entre pares, tudo isto faz parte da realidade.

É comum ver adolescentes a entrar numa discoteca ainda com ar inocente e, algumas horas depois, saírem completamente transformados, muitas vezes sem noção das suas próprias atitudes. O álcool, por exemplo, diminui a perceção de risco e leva a decisões impensadas. A droga, mesmo aquela que se pretende “só experimentar”, tem um poder de sedução enorme e pode marcar para sempre.

Lembro-me de uma das nossas alunas, durante uma aula em que se abordava estes temas,  contou-nos que tinha 16 anos quando foi à sua primeira festa com colegas da escola. Bebeu mais do que devia, perdeu o telemóvel e acabou por regressar sozinha a casa, sem saber bem como. Foi uma noite que podia ter corrido muito pior.

E depois há as situações de assédio, de abusos e até de violência dentro do próprio grupo de amigos. Um “não” é sempre um não, e é fundamental que todos tenham consciência disso.

Reconhecer estas realidades não significa viver com medo, mas sim estar preparado. E esse é o primeiro passo para conseguires desfrutar da noite com segurança.

 

7 Dicas para uma Noite Segura e Divertida

Aqui ficam algumas orientações práticas que podem fazer a diferença:

1. Sai acompanhado, regressa acompanhado   ̶  Sempre que possível, combina ir e voltar com amigos de confiança. Andar sozinho a altas horas aumenta os riscos.

2. Mantém-te atento   ̶  Evita ficar demasiado absorvido pelo telemóvel. Repara nas pessoas à tua volta, nos locais por onde passas e em qualquer comportamento estranho. Estar atento é a melhor forma de evitar surpresas desagradáveis.

3. Atenção ao que bebes   ̶  Se fores beber, fá-lo com moderação. Nunca aceites bebidas de desconhecidos nem deixes o copo sem vigilância. Sempre que possível, pede diretamente no bar.

4. Define limites  ̶  Antes de sair, decide o que estás ou não disposto a fazer. Isso inclui não aceitar drogas, não te deixares arrastar para provocações e respeitar os limites dos outros.

5. Escolhe bem os locais   ̶  Nem todas as discotecas ou bares são iguais. Informa-te sobre o ambiente, vê com quem vais e procura locais que inspirem confiança.

6. Transportes seguros   ̶  Planeia com antecedência como vais regressar. Confirma a matrícula no caso de transportes por app, ou combina com familiares para te irem buscar. Pequenos gestos podem evitar grandes problemas.

7. Postura de confiança   ̶  A forma como andas e te apresentas conta muito. Cabeça erguida, olhar firme, passo seguro. Uma postura confiante transmite a mensagem de que não és um alvo fácil.

 

Aos pais: o vosso papel importa

Para muitos pais, ver os filhos começarem a sair à noite é um misto de orgulho e angústia. A tentação pode ser proibir porque é mais fácil, mas para além do proibido muitas vezes tornar-se ainda mais apetecível, será que isso prepara os filhos para o mundo real?

O caminho está no diálogo e na confiança. Saber com quem o filho vai, para onde vai e como regressa. Ir buscá-lo nas primeiras saídas, mostrar interesse em saber como correu a noite, conversar de forma aberta sobre álcool, sexo e drogas sem tabus.

Quando os pais estão presentes, mesmo à distância, os jovens tendem a controlar-se mais e a sentir-se apoiados. E isso faz toda a diferença.

 

O valor da defesa pessoal

Até agora falámos de prevenção e de escolhas conscientes. Mas há uma parte igualmente importante: saber como agir se, apesar de todos os cuidados, te encontrares numa situação de risco.

É aqui que entra a defesa pessoal. E convém esclarecer: não se trata de aprender a lutar ou de andar à procura de confusões. Trata-se de treinar para:

  • Desenvolver autoconfiança, sentindo que consegues enfrentar imprevistos.
  • Aprender técnicas simples e eficazes, para te libertares de agarrões, empurrões ou situações de assédio.
  • Melhorar a perceção de risco, identificando potenciais ameaças antes que se tornem problemas.
  • Gerir emoções, mantendo a calma mesmo sob pressão.

Saberes defender-te não é só uma questão física; é também ter consciência de que tens valor e mereces respeito.

As aulas de defesa pessoal são práticas, dinâmicas e adaptadas ao mundo real. Ao contrário do que se pensa, não são apenas para quem tem força física, qualquer jovem pode aprender a proteger-se. É frequente os nossos alunos dizerem-nos que desde que começaram a estudar defesa pessoal se sentem mais seguros no dia a dia, mais confiantes e atentos.


A noite é para ser vivida em segurança

A juventude é feita de experiências, e sair à noite faz parte delas. Mas a liberdade só é plena quando vem acompanhada de responsabilidade.

Se és jovem, lembra-te de que segurança não é sinónimo de medo. É, sim, a chave para desfrutares mais da vida. Se és pai ou mãe, considera a defesa pessoal como um investimento no futuro e na tranquilidade do teu filho.

Uma aula pode ser o primeiro passo para uma vida mais segura, mais confiante e mais preparada. Porque, no fundo, o que todos queremos é o mesmo: que cada saída à noite seja motivo de boas memórias, e não de arrependimentos.

Se queres saber mais sobre como a defesa pessoal pode ajudar-te ou ao teu filho, entra em contacto connosco ou experimenta uma aula gratuita.



📌 SUGESTÕES DE LEITURA:

• A Força da Tua Voz na Autodefesa: Um Guia para Reforçar a Tua Segurança

A tua voz é uma ferramenta poderosa e muitas vezes subestimada na autodefesa. Embora seja comum associar proteção pessoal à força física, a tua capacidade de comunicar com firmeza e assertividade pode ser decisiva em situações de risco. Neste artigo, vais descobrir como usar a tua voz de forma estratégica pode transformar uma reação instintiva numa resposta eficaz e segura

• De Vulnerável a Confiante: O Poder da Linguagem Corporal na Autoproteção

Explorar formas de te protegeres melhor nas tuas interações sociais e profissionais é essencial para não te tornares um alvo fácil de pessoas mal-intencionadas. Ativa o poder da tua linguagem corporal para te sentires mais seguro e confiante. Uma postura firme, um olhar direto e algumas competências de comunicação não verbal podem ser grandes aliados. Ao moldares esses aspetos a teu favor, vais transmitir confiança e assertividade, afastando a vulnerabilidade e tornando-te menos suscetível a ameaças.

• Como Manter a Calma em Situações de Conflito

Em momentos de tensão, saber manter a calma é tão importante quanto saber agir. Neste artigo, vais aprender a proteger-te sem recorrer ao confronto físico, explorando estratégias como manter o diálogo, ouvir sem entrar em discussões, usar uma linguagem corporal segura, preservar a distância adequada e reconhecer o momento certo para te retirares. Com estas ferramentas, vais conseguir enfrentar situações delicadas com mais confiança e controlo.



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29 de julho de 2025

Vais de Férias? Mantém a Tua Casa Segura Mesmo Quando Estás Longe

As férias são momentos merecidos de descanso, descoberta e bem-estar. No entanto, para muitas pessoas, a alegria da partida é ensombrada por uma preocupação comum: “E se a minha casa for assaltada enquanto estou fora?”

Essa inquietação não é infundada. Segundo dados da PSP, os meses de verão registam um aumento significativo nos furtos a residências. Estima-se que, só em agosto, os arrombamentos possam crescer até 30% em relação ao resto do ano.

A boa notícia é que existem medidas simples e eficazes que podes adotar para reduzir esse risco e desfrutar das tuas férias com maior tranquilidade. Eis 8 estratégias práticas para proteger a tua casa enquanto estás ausente:


1. Trancar é bom. Reforçar é melhor – Portas de correr e janelas deslizantes são alvos fáceis se não estiverem bem protegidas. Para além de as trancares, reforça a base com um objeto resistente, como uma vassoura, uma régua de madeira ou uma tranca própria. Um bloqueio extra pode ser suficiente para dissuadir um intruso.

2. Faz a casa parecer habitada –  A maioria dos assaltantes evita casas que aparentam estar ocupadas. Usa temporizadores para ligar e desligar luzes em horários diferentes, deixa uma ou duas luzes acesas em zonas estratégicas e, se possível, pede a alguém da tua confiança para abrir e fechar estores ou movimentar cortinas de vez em quando. Estes são pequenos gestos com grande impacto.

3. Evita sinais visíveis de ausência –  Uma caixa de correio cheia ou encomendas acumuladas à porta são sinais claros de que ninguém está em casa. Pede a um vizinho ou familiar para recolher o correio e as encomendas, ou considera solicitar aos CTT a suspensão temporária da entrega. Um cuidado simples que reduz drasticamente o risco.

4. Pensa antes de publicar –  Partilhar fotos das férias nas redes sociais é tentador, mas também pode ser perigoso. Evita divulgar que estás fora de casa, sobretudo se te ausentares por vários dias. Segundo o Observatório Europeu da Criminalidade, 15% dos assaltos a residências ocorrem após publicações que revelam a ausência dos proprietários. Guarda as partilhas para depois do regresso.

5. Verifica tudo antes de sair –  Pouco antes de fechar a porta, dá uma volta completa à casa. Confirma se todas as janelas estão bem fechadas, incluindo as de andares superiores, e certifica-te de que portas secundárias, como as da garagem ou varandas, estão trancadas. Desliga os aparelhos elétricos não essenciais e ativa o sistema de alarme, se tiveres. Estes minutos finais são essenciais para saíres com mais confiança.

6. Guarda objetos valiosos fora da vista –  Evita deixar joias, computadores, carteiras ou outros bens visíveis através das janelas. Guarda-os em locais discretos ou, idealmente, num cofre fixo. Quanto menos atrativa parecer a tua casa, menor será a probabilidade de ser escolhida como alvo.

7. Investe em segurança tecnológica –  Atualmente, existem sistemas de alarme e videovigilância acessíveis, fáceis de instalar e eficazes. Câmaras ligadas ao telemóvel, sensores de movimento e alertas em tempo real podem fazer toda a diferença. Muitas vezes, só o aviso visível de que a casa está protegida já é suficiente para afastar potenciais intrusos.

8. Informa alguém de confiança –  Deixar a tua ausência conhecida a uma pessoa de confiança pode ser crucial. Um vizinho, amigo ou familiar próximo pode passar pela casa regularmente, verificar se está tudo em ordem, regar as plantas ou tirar o lixo. E se surgir algum problema, poderá contactar-te de imediato ou agir rapidamente.


Partilha segurança com quem mais gostas

Cuidar da segurança da tua casa é um gesto de responsabilidade, mas também de tranquilidade para ti e para os teus. Se achaste estas dicas úteis, partilha este artigo com familiares, vizinhos ou amigos que também vão de férias em breve. Um simples gesto pode ajudar alguém a evitar um grande transtorno.

Porque a prevenção começa na informação… e a segurança constrói-se em comunidade.


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22 de junho de 2025

Mata-Leão: Protege-te e Previne uma das Agressões mais Perigosas

Nem todos os perigos vêm com aviso. Um estrangulamento pelas costas, como o mata-leão, pode surgir num instante, e em segundos, deixar-te inconsciente. Este artigo não é apenas para quem pratica defesa pessoal, mas para qualquer pessoa que queira perceber a gravidade desta técnica, saber como evitá-la e, sobretudo, aprender a proteger-se com mais confiança e segurança no dia a dia.


Basta um momento de distração para ficares vulnerável a um ataque pelas costas. O golpe conhecido como "mata-leão" – infelizmente cada vez mais comum em situações reais de agressão – é uma das técnicas de estrangulamento mais perigosas. Pode provocar desmaio em poucos segundos e, se for mantido tempo suficiente, causar danos cerebrais ou até a morte. Neste artigo, vais perceber porque é tão importante conhecer esta ameaça – mesmo que nunca tenhas praticado defesa pessoal – e como pequenas ações podem fazer uma grande diferença.


O que é o mata-leão?

O mata-leão é um tipo de estrangulamento que atua sobre os vasos sanguíneos que levam o sangue ao cérebro. Quando bem aplicado, pode provocar perda de consciência em 8 a 12 segundos. É rápido, silencioso e relativamente fácil de executar – o que o torna perigoso, especialmente em situações de agressão onde o objetivo é dominar rapidamente sem fazer alarido.

Apesar de ser utilizado em contextos desportivos como o jiu-jitsu, este golpe torna-se extremamente perigoso quando aplicado fora de controlo ou por alguém sem noção das suas consequências.


Um caso real em Portugal

Recentemente, em Salvaterra de Magos, um adolescente de 13 anos foi estrangulado por um colega durante uma visita de estudo. O motivo? Uma discussão por causa de um baloiço. O jovem perdeu os sentidos, sofreu uma convulsão, partiu o nariz e teve de ser internado nos cuidados intensivos. Felizmente recuperou, mas este caso mostra como uma ação impulsiva pode quase custar uma vida. Não foi um ataque entre criminosos – aconteceu entre colegas, durante um passeio escolar.


Como evitares este tipo de situação

Mesmo sem treino em defesa pessoal, há atitudes simples que podem ajudar-te a reduzir riscos:

  • Mantém-te atento ao que se passa à tua volta, sobretudo em locais movimentados ou desconhecidos.
  • Evita virar costas a desconhecidos em espaços isolados.
  • Se uma situação começar a aquecer, afasta-te e procura ajuda.
  • Aprende a reconhecer sinais de tensão – muitas vezes, a ameaça pode ser antecipada.


E se fores mesmo apanhado de surpresa?

Ser agarrado por trás com um estrangulamento é uma situação extrema. Mesmo sem treino, há pequenos gestos que podem ajudar:

  1. Protege o pescoço com as mãos, tentando afastar o braço do agressor.
  2. Abaixa o queixo, isso protege a garganta e dificulta o ajuste do estrangulamento.
  3. Move o corpo, usa as pernas, roda o tronco, tenta desestabilizar o agressor.
  4. Faz barulho, se conseguires chamar a atenção de alguém podes salvar-te.
  5. Não desistas, mesmo com pressão, continua a tentar libertar-te. Às vezes, um movimento inesperado pode criar uma oportunidade.

Estas reações não substituem o treino, mas podem dar-te segundos preciosos numa situação crítica.


Por que deves considerar aprender defesa pessoal

A defesa pessoal não é só para atletas ou profissionais da segurança. É para qualquer pessoa que queira viver com mais confiança e segurança. O mais importante não é saberes lutar, é conseguires proteger-te quando mais precisares de ti.

Num bom treino de defesa pessoal aprendes a:

  • Evitar riscos antes que se tornem reais;
  • Reagir de forma simples e eficaz se fores atacado;
  • Manter a calma sob pressão;
  • Tomar decisões rápidas e assertivas;
  • Cultivar o controlo emocional e a segurança interior.

Não esperes que algo aconteça para começares. Quanto mais cedo aprenderes, melhor preparado estarás.

O mata-leão é uma técnica rápida, silenciosa e potencialmente letal. E tu não precisas de ser praticante de artes marciais para te protegeres melhor. Basta querer aprender. Basta dar o primeiro passo.

A defesa pessoal é uma ferramenta de vida. Torna-te mais atento, mais confiante, mais preparado para o inesperado. Porque no fundo, não se trata apenas de defenderes o corpo — trata-se de protegeres a tua vida.

Está atento. Aprende com intenção. Protege-te com sabedoria.



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