21 de março de 2019

Revista CINTURÃO NEGRO ( Janeiro, Fevereiro, Março, - 2019)

Revista internacional de Artes Marciais, Desportos de Combate e Defesa Pessoal

CINTURÃO NEGRO - Edição Quinzenal

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 Janeiro , nº374 - 2019 




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Revista Gratuita Cinturão Negro



13 de março de 2019

CRIANÇAS AGRESSIVAS NA ESCOLA

Os comportamentos agressivos em contexto escolar têm vindo a aumentar. A boa notícia é que, há formas de superar esta realidade e aprender a lidar com uma criança agressiva na escola. Saber como agir perante uma criança agressiva tem sido tema recorrente de vários estudos, bem como motivo de preocupação crescente entre pais, professores e outros educadores. Os impulsos agressivos são próprios do ser humano, sendo considerados um aspeto estruturante da personalidade quando geridos em proporções adequadas e com propósitos adaptativos. Com a ajuda da psicóloga Ana Graça vamos compreender melhor esta problemática e descobrir como ajudar as nossas crianças.



FACTOS A RETER SOBRE O COMPORTAMENTO AGRESSIVO NA INFÂNCIA

Há factos que nos fazem pensar e que conseguem explicar de certa forma, o porquê de uma criança ter um certo comportamento.

  • Depende da qualidade dos cuidados no período pré-natal e na primeira infância (0 a 5 anos);
  • A primeira infância é um período crítico para aprender a controlar comportamentos agressivos;
  • Antes dos 3 anos de idade, a maioria dos meninos e das meninas testa utilizar a agressão física;
  • Geralmente, as crianças utilizam agressão física quando estão sob emoções fortes ou como forma de alcançarem aquilo que querem;
  • As raparigas tendem a deixar de utilizar agressão física mais cedo do que rapazes;
  • As raparigas utilizam com mais frequência a agressão indireta (por exemplo, falar mal de um amigo) mais cedo e mais frequentemente do que rapazes;
  • Com o desenvolvimento de habilidades sociais e de linguagem, a maioria das crianças já não utiliza agressão física;
  • Todas as crianças, em algumas fases do seu desenvolvimento, recorrem pontualmente a comportamentos agressivos para lidar com situações de maior ansiedade ou conflito, mas estes comportamentos tendem a desaparecer com o crescimento;
  • Estilos parentais permissivos, inconstantes e negligentes podem contribuir para que a criança adote comportamentos agressivos.


AGRESSIVIDADE NA ESCOLA



A entrada da criança no contexto educacional e o primeiro contacto com os pares, acarretam uma grande expectativa em relação às aptidões e papéis sociais que devem desempenhar.

É no contexto escolar que os comportamentos agressivos se tornam mais evidentes. A criança agressiva na escola exibe um padrão repetitivo e persistente de agressividade, que prejudica os outros e viola as regras sociais.

O seu comportamento caracteriza-se por não dominar os impulsos agressivos, revelar uma atitude positiva perante a agressão e agir como se esta fosse socialmente aceitável. Estes comportamentos disruptivos da criança agressiva na escola dificultam o trabalho a desempenhar por professores e educadores.

A repetição desses comportamentos somada às dificuldades manifestadas pelos professores/educadores em lidar com a agressividade faz com que as condutas inadequadas persistam, prejudicando a aprendizagem e a socialização.

Para além do prejuízo do desempenho académico, a criança agressiva na escola tem também, habitualmente, maiores dificuldades no estabelecimento de relações saudáveis.

Crianças que defrontam e vitimizam os seus colegas e os professores/educadores de forma sistemática e apresentam oposição à realização de tarefas e regras escolares, são frequentemente rejeitadas no contexto escolar, recebendo menor investimento afetivo e académico dos professores/educadores e dos colegas.

Outro aspeto característico da criança agressiva na escola é a rejeição entre pares, ou seja, devido aos comportamentos que adota tem maior probabilidade de vir a ser rejeitada pelos seus colegas.

O problema da agressividade surge associado a uma multiplicidade de fatores, entre as quais as relações estabelecidas na escola; o clima organizacional; o meio no qual a escola se insere; o sistema de gestão da disciplina; as práticas educativas; o insucesso escolar; baixos níveis de tolerância; baixa autoestima; exposição à violência no âmbito familiar; dinâmicas familiares; violência televisiva; imaturidade emocional; ausência de regras e limites em casa.



COMO LIDAR COM UMA CRIANÇA AGRESSIVA NA ESCOLA?



A violência é um problema social e a escola tem um papel fundamental na sua redução através de ações e programas preventivos, idealmente desenvolvidos em parceria com as famílias, envolvendo-as com o problema. Essas ações devem sempre tentar:

1.Garantir que as interações entre crianças pequenas são supervisionadas de perto;

2.Ter normas bem claras, bem estabelecidas e que estejam bem explícitas na sala de aula;

3.Ouvir e dar atenção às reclamações, depoimentos e denúncias dos alunos quando estas se referem a violência;

4.Encorajar a criança a expressar verbalmente as suas emoções e a desenvolver a sua sensibilidade para com os outros;

5.Demonstrar que existem formas não agressivas de se relacionar com os outros e com o meio ambiente;

6.Ajudar a criança a encontrar outras formas de obter o que deseja sem recorrer à agressão;

7.Aplicar sanções adequadas à idade, que promovam aprendizagem (por exemplo, consolar a vítima, compensar por qualquer dano causado, pedir desculpas, etc.);

8.Garantir que a criança não retira benefícios do comportamento agressivo;

9.Reforçar e elogiar os aspetos positivos da criança e os seus sucessos, de forma que se sinta segura e confiante;

10.Reforçar o desenvolvimento de competências sociais em contexto familiar e escolar;

11.Manter uma relação estreita e cooperante com a família, de modo a contribuir para o desenvolvimento harmonioso da criança;

12.Verificar com os responsáveis pelos espaços de recreio e transporte escolar como são tratados os alunos nestes contextos e como decorre a interação entre eles;

13.Desenvolver projetos educativos que promovam a cidadania, o respeito pelo outro e a não-violência;

14.Promover o desporto escolar, especialmente os desportos de equipa;

15.Facilitar o acesso a jogos didáticos que promovam boas práticas.


Como lidar com crianças agressivas e conflituosas

Quando as contendas entre crianças são frequentes, o que podem os pais fazer? Como se consegue educar uma criança com comportamento agressivo?


Os pequenos e as crianças de idade pré-escolar lutam frequentemente pelos brinquedos. Algumas crianças são recompensadas involuntariamente pelo seu comportamento agressivo. Por exemplo, pode ser que uma criança empurre a outra, atirando-a ao chão e apanhe o seu brinquedo. Se a outra criança chorar e se afastar, a criança agressiva sente-se vitoriosa, já que conseguiu o brinquedo. É importante identificar se esse padrão está acontecendo nas crianças agressivas.


O QUE SE DEVE FAZER COM AS CRIANÇAS AGRESSIVAS

Quando as lutas são frequentes, isso pode ser um sinal de que a criança tem outros problemas. Por exemplo, pode estar triste ou alterada, ter problemas para controlar a coragem, ter sido testemunha de violência ou ter sido vítima de abuso no cuidado diurno, na escola ou mesmo em casa. As investigações têm demonstrado que as crianças que são fisicamente agressivas em idade muito pequena, têm tendência a continuar com este comportamento quando crescerem. Os estudos também demonstraram que as crianças que são expostas à violência e à agressão repetidamente através da televisão, vídeos e filmes, agem de forma mais agressiva.

Se uma criança pequena tem problemas persistentes com a ação de bater e de morder, ou exibe um comportamento agressivo, os pais devem procurar ajuda profissional de um pediatra, neuro-pediatra, psicólogo ou mesmo um psiquiatra de crianças e adolescentes ou de outro profissional de saúde mental que se especialize na avaliação e tratamento dos problemas do comportamento de crianças pequenas.

- A intervenção precoce é muito mais efetiva. Não espere que a criança comece a mostrar um comportamento mais agressivo. Intervenha logo que observar que ela se sente frustrada ou que se altera com facilidade.

- Quando as crianças pequenas bulham com frequência, controlem-nas mais de perto.

- Se uma criança bater em outra criança, separe rapidamente os dois. Console e ampare de imediato a criança que foi agredida.

- Ao bebe que começa a andar (1 a 2 anos), diga-lhe: “Não batas. Dói quando tu bates”.

- A uma criança pequena (de 2 a 3 anos), diga-lhe: “Eu sei que tens coragem, mas não batas”. Isso começa a ensinar-lhe a empatia com as outras crianças.

- Não bata na criança se ela estiver a bater nas outras. Isso a ensinará a utilizar um comportamento agressivo.

- Os pais não devem ignorar ou depreciar as discussões e lutas entre irmãos.

- Ensine-lhes que a agressão não é a forma correta para se conseguir o que se quer. Por exemplo: imaginemos o caso de dois miúdos, um de 6 e outro de 4 anos de idade. O maior está a jogar à bola até que o mais pequeno aparece para se apoderar dela. E ali iniciam-se as brigas e gritos. O pequeno grita e esperneia porque quer a bola. Se interferirmos, exigindo que o maior conceda a bola ao mais pequeno, estaremos a fazer um reforço negativo, que levará o mais pequeno a espernear e a gritar sempre que quiser alguma coisa. 

A psicóloga infantil Adriana Lot Dias, partilha connosco algumas dicas valiosas que nos podem ajudar a controlar e prevenir o comportamento agressivo das crianças. 







1 de março de 2019

28 ESTRATÉGIAS DE SALA DE AULA PARA ALUNOS COM DÉFICE DE ATENÇÃO OU IMPULSIVOS


Um dos grandes desafios para os professores hoje em dia é conseguir gerir turmas de cerca de 30 alunos, em que alguns desses alunos apresentam dificuldades em manter a atenção e/ou revelam excesso de atividade motora e comportamentos impulsivos.


O presente texto reúne algumas ideias e estratégias simples para que os professores consigam lidar com os alunos com Défice de Atenção, isto é, com crianças com dificuldades em manter a atenção durante um longo período de tempo e que estão “sempre com a cabeça na lua”, mas também com os alunos que apresentem comportamentos impulsivos e excesso de atividade motora, ou seja, crianças com dificuldade em manterem-se focados numa só tarefa e que têm “bicho-carpinteiro”.


Ideias e Estratégias  para alunos com Défice de Atenção

• Faça uma pequena pausa e promova a curiosidade (suspense), como por exemplo olhando ao redor antes de colocar uma questão;
• Avise que alguém vai ter que responder a uma pergunta sobre aquilo que está a ser dito;
• Escolha aleatoriamente os alunos para ler/responder a uma questão, de modo a que não consigam prever quando devem estar atentos;
• Utilize o nome do aluno quando colocar uma questão;
• Faça uma pergunta simples ao aluno (não relacionada com o assunto em questão) quando perceber que este está a começar a perder a atenção;
• Crie uma “piada privada” entre si e o aluno, de modo a envolvê-lo novamente na aula;
• Percorra a sala de aula e dê um toque discreto no ombro do aluno enquanto está a ensinar algo importante;
• Percorra a sala de aula e vá tocando discretamente no sítio exato da página que está a ser lido ou discutido no momento;
• Alterne entre atividades físicas e mentais;
• Aumente a novidade das aulas ao usar filmes, cartões (flashcards), trabalhos de grupo;
• Incorpore os interesses dos alunos no planeamento das aulas;
• Dê instruções simples e concretas;
• Ensine aos alunos estratégias de auto-monitorização;
• Utilize uma voz suave para dar instruções.




Ideias e Estratégias para alunos com Comportamentos Impulsivos

• Dê-lhe atenção positiva e reconhecimento tanto quanto possível;
  Clarifique as regras da sala de aula;
• Estabeleça um sinal entre si e o aluno;
• Crie o hábito de esperar 10 a 15 segundos antes de responder;
• Analise as respostas irrelevantes dadas pelo aluno e procure possíveis relações com a pergunta;
• Peça ao aluno para repetir a pergunta antes de responder;
• Escolha um aluno para ser o “detentor da pergunta” (para repetir a pergunta ao aluno);
• Ao introduzir uma nova matéria, peça aos alunos para fazerem perguntas antes de ser lecionada a matéria;
• Retire da sala de aula toda a estimulação desnecessária;
• Certifique-se que as tarefas propostas são curtas;
• Transmita que a precisão vale mais que a rapidez;
• Utilizando o relógio da sala de aula, diga aos alunos quanto tempo têm para a realização de uma determinada tarefa;
• Peça que os alunos tenham um ficheiro com todos os seus trabalhos completos;
• Incentive o planeamento utilizando com frequência listas, o calendário, tabelas e imagens na sala de aula.

Adaptado de “Suggested Classroom Interventions For Children With ADD & Learning Disabilities”