19 de novembro de 2017

O SEU FILHO É ALVO DE BULLYING?

Luís Fernandes, psicólogo e investigador, co-autor do livro «CyberBullying - Um Guia para Pais e Educadores», explica como reagir perante estas situações e indica o que nunca, mas nunca, deve fazer.



Dados do Programa Escola Segura e da GNR indicam que o bullying nas escolas portuguesas aumentou nos últimos anos. O número crescente de queixas que tem chegado às autoridades também o confirma. Luís Fernandes, psicólogo e investigador na área do bullying e da violência na escola, confirma esse crescendo, explicando que se trata de “comportamentos agressivos entre crianças e jovens em idade escolar”.

“São ações repetidas que nascem de um desequilíbrio de poder, através de agressões físicas, psicológicas e/ou sexuais, algumas realizadas via internet e dispositivos digitais [cyberbullying]”, refere. “Pais e educadores devem atuar rapidamente pois o bullying só pode ser vencido com o apoio de toda a comunidade educativa, sendo essencial que vítima, agressor e quem assiste à agressão sejam acompanhados”, diz.


COMO AGIR

Siga as orientações de Luís Fernandes, psicólogo e investigador na área do bullying e da violência na escola.

Com o seu filho

- Dê o seu apoio. “Seja solidário com a criança/jovem transmitindo-lhe que poderá contar consigo em qualquer circunstância, que irá resolver a situação. Caso tenha sido o próprio a contar o que está a passar-se, elogie a sua coragem”, aconselha o especialista.

- Evite acusações. “Não acuse a criança/jovem por, de alguma forma, ser responsável pela situação. Isso não ajuda em nada a resolução do problema e fragiliza mais a vítima”, assegura o psicólogo e investigador.

- Envolva-se. “Vá acompanhando a situação de perto, pois isso transmite segurança e permite ainda monitorizar e intervir precocemente perante novas situações que possam surgir”, realça o especialista.

Com a escola

- Defina um plano de atuação. “Contacte o professor titular da turma [no primeiro ciclo], o diretor de turma [nos outros ciclos de ensino] e/ou a direção da escola para perceber se estão a par da situação e definir-se um plano que proteja a criança/jovem”, sugere Luís Fernandes.

- Conheça o regulamento interno. “Saiba quais os procedimentos previstos para estas situações, se existe um regulamento interno que refira os comportamentos que não são aceitáveis, assim como as suas consequências”, recomenda o psicólogo e investigador.

- Informe-se sobre o caso. «Apure se as agressões e/ou humilhações decorrem há muito tempo e quais os principais locais onde costumam ocorrer e se existem desconfianças por parte dos pais do agressor», insiste o especialista.

- Sugira uma ação de sensibilização. “Sensibilizar quem assiste à agressão é uma mais-valia para a resolução destes problemas. Sugira uma ação pedagógica junto dos colegas do seu filho”, sugere ainda.


Com o agressor

- Nunca o contacte. “Evite contactar diretamente os agressores ou os pais destes a pedir satisfações ou a exigir que estes deixem de incomodar os seus filhos, pois esta situação poderá agravar as agressões», alerta o psicólogo Luís Fernandes. psicólogo e investigador., co-autor do livro «CyberBullying - Um Guia para Pais e Educadores», publicado pela Plátano Editora, em parceria com Sónia Seixas e Tito de Morais.

- Procure um mediador. “O ideal será entender se existem pessoas que funcionem como mediadores da própria situação, como, por exemplo, um diretor de turma ou o coordenador dos diretores de turma (normalmente um dos docentes mais experientes da escola), o psicólogo (caso exista) ou o diretor da escola”, sugere.

“A participação dos funcionários é igualmente fundamental uma vez que a maioria dos casos ocorre nos recreios e/ou espaços comuns da escola”, realça ainda o especialista português.


OS NÚMEROS DO BULLYING

- 25% das crianças e jovens em idade escolar, seja como vítimas, agressores ou nesse duplo papel [vítimas que se transformaram em agressores], estão envolvidas em casos de bullying.

- 616 casos de bullying registados mensalmente em Portugal.

- Mais de 50% das vítimas não denunciam as agressões.

- 70% das situações de bullying ocorrem nos recreios e/ou espaços comuns da escola.



Texto: Carlos Eugénio Augusto e Luís Fernandes (psicólogo e investigador na área do bullying e da violência na escola e co-autor do livro “CyberBullying - Um Guia para Pais e Educadores”, publicado pela Plátano Editora, em parceria com Sónia Seixas e Tito de Morais.)


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