De acordo com os dados do estudo, entre os 1.801 inquiridos, numa amostra representativa da população ativa, mais de 50% das pessoas vítimas de assédio moral tem contrato a prazo.
A maioria das pessoas que são vítimas de assédio sexual ou moral no local de trabalho tem um vínculo laboral precário, entre contratos a termo, recibos verdes ou estágios, sendo a maioria das vítimas mulheres, revela um estudo.
Os dados resultam do projeto de pesquisa "Assédio Sexual e Moral no Local de Trabalho em Portugal", desenvolvido pelo Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (CIEG), do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), e da responsabilidade da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), que foram apresentados hoje.
"Homens e mulheres nessa situação [vinculo precário] são os que são mais alvo de assédio, quer moral, quer sexual", apontou a coordenadora do estudo, Anália Torres, sublinhando que esta é uma situação que vitimiza sobretudo mulheres.
De acordo com os dados do estudo, entre os 1.801 inquiridos, numa amostra representativa da população ativa, mais de 50% das pessoas vítimas de assédio moral tem contrato a prazo.
Situação idêntica ocorre nos casos de assédio sexual, onde 49% das pessoas inquiridas revelaram estar com contrato a termo na altura do incidente, havendo igualmente 1,5% a recibos verdes, 1% em estágio remunerado e 1,5% em estágio não remunerado.
Dentro do assédio moral, os setores onde há maior incidência de casos são o comércio por grosso e a retalho, bem como o setor da hotelaria e restauração.
Distinguindo por género, as situações de assédio moral nos homens ocorrem sobretudo no comércio por grosso e retalho (17%), alojamento e restauração (15,9%) e construção (12,5%).
Entre as mulheres, as situações de assédio moral acontecem sobretudo nos setores de alojamento e restauração (16,9%), comércio por grosso e retalho (16,4%) e atividades administrativas (9,7%).
"Homens (83,1%) e mulheres (82,2%) são, fundamentalmente, assediados moralmente pelos patrões, superiores hierárquicos e chefes diretos", lê-se no estudo.
Como reação, homens (42,7%) e mulheres (40,9%) admitiram ter ficado à espera que a situação não se repetisse, havendo mesmo quem dissesse que não fez nada sobre o assunto.
No que diz respeito ao assédio sexual, os setores laborais onde os casos mais ocorrem são o comércio por grosso e retalho, alojamento e restauração.
Por género, é possível verificar que a maioria das mulheres (20,9%) trabalhava no comércio por grosso e retalho, enquanto os homens repartem-se entre o setor do alojamento e restauração (14,9%) e a construção (12,8%).
Entre os casos de assédio sexual, a esmagadora maioria (82,4%) dos autores dos abusos são homens.
A reação de homens (47,9%) e mulheres (60,3%) foi a de esperar que a situação não se repetisse, havendo também 37,5% de homens e 11,2% de mulheres que admitiram não ter feito nada.
"A reação das mulheres e dos homens é condicionada por medo de sofrerem consequências profissionais", lê-se no estudo.
Perante o aumento das taxas de desemprego e das relações laborais precárias, Anália Torres admite que estes casos continuem a aumentar, mas disse esperar que com este estudo haja uma maior consciencialização do fenómeno e, consequentemente, combate ao fenómeno.
Fonte: DN/Portugal
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