Se sempre manteve boas relações com os seus colegas, mas agora
apercebe-se de comentários ou críticas que procuram denegrir e ridicularizar a
sua competência, ou toma consciência de mexericos e insinuações que se propagam
nas suas costas, então poderá estar a ser vítima de bullying no emprego.
O bullying
no emprego, também conhecido por mobbing
ou assédio moral, é um fenómeno social em que colegas de trabalho desencadeiam
uma campanha de terror psicológico tendo geralmente como alvo alguém que é "diferente"
das normas da organização.
Mas, será
que hoje este problema ainda afecta uma franja significativa da população? De
fato, fui alertada para este fenómeno porque constatei que chegavam ao meu
consultório, cada vez com maior frequência, pacientes com problemas
psicológicos motivados por bullying no trabalho. Evidenciavam dificuldades
psicológicas e transtornos psicossociais muito sérios, tais como depressão,
ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo e stress ocupacional.
Este aumento
crescente de pacientes com este tipo de problemas levou-me a pesquisar por
informação recente sobre este fenómeno. Os últimos dados estatísticos
disponíveis vieram confirmar aquilo que já tinha observado na minha prática
diária de psicologia clínica: existir uma tendência horrível de crescimento de
Bullying no trabalho.
Testemunho de uma paciente
Quando
falamos de uma situação de bullying no emprego, referimo-nos a um processo que
começa por pequenos gestos que, quando repetidos e acumulados, acabam por
funcionar como uma espécie de terrorismo psicológico. Colocar alguém à parte a
desempenhar tarefas mínimas ou numa sala sem nada para fazer é geralmente a
gota de água desse processo. Estas atitudes tornam-se mais evidentes quando
passam a ser directas, tais como insultos verbais, gestos inapropriados ou
agressões físicas.
Apresento-lhe
a seguir o relato de uma paciente que foi vítima de bullying no emprego. Muito
provavelmente, poderá identificar aqui alguns traços comuns com alguma história
que já conhece de um colega ou amigo que também já foi vítima do mesmo
problema.
"Tudo
começou quando decidi fazer uma pós-graduação. Era o passo certo para adquirir
uma especialização e progredir na carreira. Sempre mantive relações cordiais
com os colegas. Só que comecei a aperceber-me da cumplicidade existente entre
um pequeno grupo dentro da equipa que começou a criar um clima de desconfiança
e insegurança. Era como se o meu intuito de progredir na carreira os atacasse,
o que gerou nesse grupo um sentimento de insegurança. O meu próprio chefe
começou a atribuir-me piores condições de trabalho e reduziu o meu horário de
trabalho. Inclusive tentou despedir-me."
Os transtornos psicossociais e dificuldades psicológicas
motivadas pelo Bullying no emprego
A vítima de
bullying no emprego sente-se insegura e esta situação retira-lhe a dignidade e
identidade, bem como provoca danos na sua saúde física e mental. A diminuição
da realização pessoal e profissional culmina com a disposição do trabalhador em
exercer uma auto-avaliação negativa relativamente ao seu trabalho, sentindo-se
infeliz consigo mesmo e insatisfeito quanto ao seu desenvolvimento
profissional. Esta situação de enorme pressão psicológica incapacita-o para
enfrentar as exigências do seu trabalho, gerando assim desconforto, mal-estar e
sofrimento, bem como acaba por desenvolver alterações físicas e emocionais.
Os efeitos
psicológicos identificados como ligados ao bullying no emprego incluem perda de
objectivo, sensação de inutilidade, apatia, passividade, vergonha, resignação,
desespero, depressão e auto-estima negativa. Incluem-se ainda reacções como a
agressividade, irritação excessiva, cansaço constante, neurastenia, fadiga
excessiva, dores musculares, alterações cardíacas, aumento da pressão arterial
e dores de cabeça.
Agora que
sabe o que é o bullying no emprego e quais são os efeitos que pode provocar na sua
saúde mental e bem-estar, e se pensa que está a ser vítima deste problema,
procure ajuda. Um psicólogo clínico poderá ajudá-lo a enfrentar a situação.
Pense que o seu estado emocional actual é temporário e que a recuperação é
possível, independentemente de todas as perdas já sentidas. Através de um
processo de psicoterapia poderá recuperar novamente a sua identidade e
dignidade, e irá ajudá-lo a promover os seus recursos emocionais e cognitivos.
Psicóloga e Psicoterapeuta
Procure aumentar a sua auto-estima, fazer uma formação em
técnicas de autodefesa ajuda-o a descobrir novas potencialidades e o poder que
tem dentro de si.