4 de fevereiro de 2017

QUANDO A CONVIVÊNCIA SE TORNA PERIGOSA



O efeito da acção de um psicopata ou de alguém com uma personalidade tóxica não só afecta o organismo como fragiliza as vítimas.

Há pessoas com quem lidamos diariamente que têm uma personalidade difícil e até mesmo agressiva. Nessas situações, sobretudo quando são casais, a vítima sente-se, progressivamente, mais frágil. A serotonina reduz-se (em consequência, sente-se mais abatido, dorme pior e sente menos vitalidade), enquanto a dopamina sobe (muito ligada ao humor e à euforia que surge quando, por exemplo, ganhamos um grande prémio num casino), juntamente com  a norepinefrina (também ligada ao humor,  bem-estar e a um estado de elevada estimulação).

O efeito dessa acção no nosso comportamento é inegável. A pessoa fica altamente sugestionável às frases e comportamentos do elemento tóxico e que se podem apresentar como reforço intermitente. Sem estarmos à espera, recebemos uma promoção no trabalho depois de nos termos sentido completamente postos de lado. Essa boa notícia terá um impacto enorme no seu cérebro, porque, no fundo, estava à espera de mais comportamentos negativos e, afinal, aconteceu precisamente o oposto.

Há uma afirmação que os psicopatas fazem sem proferir uma palavra. «Eu sou melhor do que os outros». Esta é a afirmação que os psicopatas fazem sem proferir uma palavra. Podem não o dizer de forma explícita, mas é isto que o seu comportamento demonstra. As pessoas tóxicas são autocentradas e consideram-se seres superiores. As suas características não se esgotam, contudo, aqui:

- Fazem uso de uma eloquente e convincente oratória. Convencem pessoas de ideias e realidades que podem nem existir (combinando uma voz e uma cadência de fala hipnótica, com gestos e expressões afirmativas e teatrais).

- Tentam levar-nos a acreditar que são especiais e adoram o elogio, mas não têm criatividade, não conseguem planear ou investigar cuidadosamente, são inconsistentes no que dizem e fazem, e grande parte da sua postura assenta na cópia de ideias de outros.

- Podem ser repetitivos e até ter o mesmo padrão de comportamento com várias pessoas ao mesmo tempo (por exemplo, nas redes sociais, podem fazer os mesmos posts e comentários a mais que uma pessoa).

- Detestam que se tire notas, haja testemunhas, se tenha e-mails e outros documentos que provem os seus comportamentos de manipulação.




Como agir perante um companheiro psicopata

A melhor forma é prosseguirmos o nosso caminho, aceitarmo-nos incondicionalmente, usufruirmos da vida, dos amigos, familiares e colegas, e não olhar para trás. O bem-estar também resulta de abrirmos mão do que não podemos mudar. E de quem não muda. Se não conseguir lidar com o problema sozinho, peça ajuda. Não tenha medo.



Luís Gonçalves 
(psicólogo clínico e psicoterapeuta na clínica de psicologia Psinove)





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