As crianças começam a aceder a sites e conteúdos digitais cada vez mais
cedo, muitas das vezes sem acompanhamento familiar. Saiba como proteger
os seus filhos das ameaças da internet.
A internet é uma ferramenta indispensável mas não isenta de
perigos. Muitas são as histórias relatadas sobre a ameaça que o acesso à
internet constitui para as crianças e jovens. Desfechos pouco felizes
aumentam a precupação de todos, sobretudo dos pais, em relação à
segurança dos mais novos neste mundo virtual de comunicação. A
ingenuidade infantil e a curiosidade, característica nestas idades,
tornam as crianças um alvo fácil para pessoas mal intencionadas que
possam estar online. Dar a conhecer os riscos, dominar as técnicas e
acompanhar a utilização são algumas das estratégias que contribuem para a
convivência divertida e segura com a internet.
Perigos reais
De
acordo com o relatório final de um programa piloto financiado pela
Comissão Europeia, no âmbito do Plano de Ação Para a Utilização Segura
da Internet, os perigos associados ao uso da internet por crianças e
jovens são bem reais e podem ser agrupados em três categorias. A
primeira engloba conteúdos impróprios, legais ou ilegais (pornografia,
violência, ódio, racismo e outros ideais extremistas) que, para além de
serem prejudiciais a um desenvolvimento harmonioso, podem ofender os
padrões e valores segundo os quais pretende educar os seus filhos.
A
segunda refere-se a contactos potenciais por parte de pessoas mal
intencionadas, que usam o e-mail, salas de chat, instant messaging,
fóruns, grupos de discussão, jogos online e telemóveis para terem acesso
fácil a crianças e jovens. Por último, surgem as práticas comerciais e
publicitárias não-éticas que, não distinguindo a informação da
publicidade, podem enganar os mais novos, promover a recolha de
informações que violam a sua privacidade e atraí-los a fazerem compras
não autorizadas.
Os favoritos
Hi5, Blogger,
YouTube e MSN eram os sites que, em 2011, figuravam no top dos mais
visitados em Portugal. Hoje, Twitter, ASK FM e Facebook dominam. No
Facebook e no Twitter, muito na linha do velhinho hi5, comunidade social
fundada em 2004 por Ramu Yalamanchi, os utilizadores registados podem
criar um perfil e colocar fotografias, músicas e vídeos. O site MSN, por
exemplo, disponibilizava até há pouco o Messenger, um programa de
mensagens instantâneas que permite que um usuário da internet se
relacione com outro em tempo real, tenha uma lista de amigos e veja
quando estes entram e saem da rede.
O YouTube permite a divulgação
de vídeos e o Blogger, a criação de páginas pessoais na internet.
Embora a maioria dos sites tenha política de privacidade (recusando
informações pessoais, impedindo o acesso direto ao e-mail ou a
divulgação de imagens com teor violento ou sexual), a verdade é que é
algo muito difícil de controlar e fácil de manipular.
A
educação requer regras e o uso da Internet não deve ser excepção.
Colocar o computador numa zona comum da casa e definir os momentos em
que cada um pode estar online e quais as actividades apropriadas são
algumas estratégias a adoptar. Prefira uma abordagem positiva, evitando a
proibição extrema, que junto dos mais jovens tende a surtir o efeito
inverso. Na opinião de Tito de Morais, fundador do projecto
MiudosSegurosNa.Net, a solução pode passar «por transformar a utilização
da internet numa experiência partilhada a nível familiar e desenvolver,
em grupo, um conjunto de regras que só devem ser quebradas por mútuo
acordo. Pode até transformá-las num contrato familiar a assinar por cada
membro».
Pais online
Se
não está familiarizada com a internet aprenda com a ajuda aos seus
filhos. Criar um endereço e-mail, procurar vídeos, músicas ou outros
temas online são tarefas simples que permitem dominar as principais
ferramentas e, simultaneamente, partilhar a experiência com os seus
filhos, que assumem assim o papel de pequenos professores.
Peça-lhes
para ver os sites que mais gostam de visitar e «procure algumas páginas
que lhes podem interessar e estimule-os a fazerem o mesmo consigo»,
sugere Tito de Morais, enumerando ainda outras hipóteses que podem
aproximá-la do seu filho neste âmbito. «Aderir aos mesmos sites, ver
vídeos ou até jogar online em conjunto».
Em
resposta às preocupações com a segurança dos mais novos, surgiram
softwares específicos para monitorização do computador que impedem o
acesso a determinados sites, regulam a duração de uso da internet e
permitem que os pais tenham acesso aos sites visitados pelo filho.
Apesar de ser útil este tipo de ferramenta não deve substituir o
acompanhamento parental. Isto porque não é apenas em casa que o seu
filho irá usar a internet. Computadores portáteis ou até telemóveis
tornam o acesso cada vez mais fácil.
«Essa é uma das realidades
com a qual temos de aprender a conviver. A nível tecnológico ainda não
há muitas ferramentas disponíveis, pelo que as abordagens parentais e
educacionais assumem maior importância», comenta Tito de Morais. Seja
qual for a sua estratégia, recorde-se que as regras devem acompanhar o
crescimento dos seus filhos, para que se tornem autónomos e façam uma
utilização segura e responsável da internet. Só assim estarão
protegidos.
Texto: Ana Lia Pereira e Manuela Vasconcelos com Tito de Morais (fundador do projecto MiudosSegurosNa.Net)
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