A sensação de ansiedade está a crescer cada vez mais num mundo
dominado pelos meios de comunicação. Saiba o que a constante observação destas
notícias causa em nós e como devemos agir.
A exposição
exagerada de notícias violentas através dos meios de comunicação está a
deixar-nos divididos entre ficarmos anestesiados e insensíveis ao tema, ou com
uma ansiedade crescente e num estado quase depressivo causado pela impotência
perante tantos acontecimentos negativos. É indiscutível que os meios de
comunicação de massa tornam o acesso às informações de todas as partes do mundo
praticamente instantâneo, mas como é que lidamos com todas as notícias,
especialmente as sobre violência?
O crime
desperta curiosidade por apresentar uma ameaça. Os meios de comunicação
exploram essa fragilidade humana, estimulando a sensação de insegurança. A
televisão tornou-se um fenómeno em massa, assim como a alta taxa de
criminalidade e, com isto, também cresce a sensação de medo e insegurança. A
curiosidade pelo crime e as suas possíveis consequências acabam por ser uma das
causas de uma nova cultura de violência, que aparece como algo normal e que faz
parte do quotidiano. Tudo aquilo que vemos na televisão acaba por nos
influenciar e ao vermos tantas notícias sobre atentados terroristas,
catástrofes naturais, tiroteios, assaltos, mortes, etc acabamos por nos sentir
cada vez mais inseguros, pois acabamos por ver sempre em maior quantidade
aquilo que se passa de pior no mundo, do que aquilo que se passa de bom.
Um grupo de investigadores
da Universidade de Bradford, em Inglaterra relatou num congresso de psicologia
em 2015 que a exposição a imagens violentas nas redes sociais pode causar
sintomas semelhantes ao transtorno de stress
pós-traumático. Esse transtorno é definido como uma reacção emocional
persistente a um evento traumático que trouxe grande impacto na vida de uma
pessoa. Os pesquisadores da universidade conduziram um estudo com 189
voluntários, que foram expostos a imagens de eventos violentos, como o ataque
de 11 de setembro, tiroteios em escolas e ataques suicidas de homens-bomba.
A análise
mostrou que 22% dos participantes ficaram significativamente impressionados
pelo que viram. O estudo também mostrou que quem consome este tipo de notícias
com mais frequência sofre maior impacto do que aqueles que têm pouco contacto
com essas imagens. Os investigadores também observaram que os participantes
mais extrovertidos ficaram mais impressionados com as notícias.
O que fazer
para não ficar depressivo depois de ver notícias sobre violência?
A psicóloga
e directora do departamento de Transtornos de Ansiedade da Universidade de
Columbia (EUA) Anne Marie Albano sugere diminuir o tempo de exposição aos meios
de comunicação, de forma a equilibrar o mundo real com as informações que são
sensacionalistas. Já Martin Seif, psicólogo especializado em transtornos de
ansiedade, explica que os seres humanos são péssimos a analisar probabilidades
e riscos. Quem tem medo de viajar de avião acaba por se esquecer que este é um
dos meios de transporte mais seguros do mundo, pois o medo é sempre maior do
que a lógica.
Saber que o
mundo é assustador não significa viver com medo. A nossa vida está longe de ser
livre do medo, assim como, livre de perigos e ameaças, porém, não podemos
permitir que o que vemos na televisão ou redes sociais influencie a nossa vida
a ponto de pararmos de viver, a ponto de guardarmos sonhos (como uma viagem)
que gostaríamos de realizar ou de nos impedir de promover uma mudança. Não
devemos nos preocupar com o que ainda não aconteceu, mas procurar sim evitar
situações que possam nos colocar em risco e, até mesmo, nos proteger do perigo.
Tudo, porém, sem permitir que o medo e a insegurança tome conta de nosso ser e
do que somos.
Há que
proteger também as crianças deste fenómeno, porque as crianças sentem medo,
como um efeito imediato muito frequente, causado pela apresentação da violência
nos meios de informação. O mesmo se passa com a violência verbal. Os barulhos
violentos, quer sejam ou não acompanhados de imagens violentas, podem provocar
um choque nervoso. A maneira de apresentar a violência (cena realista, grandes
planos), o facto de se desencadear num contexto conhecido pela criança ou em
condições inesperadas aumentam o risco de traumatismo (fadiga psíquica,
nervosa, pesadelos e insónia). Poderá também ter efeitos a longo prazo. Há
tantas razões para nos preocuparmos com as crianças que não ficam assustadas
com a violência como as que ficam.
A prevalência da
violência na sociedade é um problema complexo que não será resolvido
facilmente. Investigadores referem constantemente que a violência nos media é
apenas uma manifestação do grande fascínio da sociedade pela violência.
Contudo, a violência nos media não é apenas um reflexo da violência na
sociedade, é também um contributo.
Fonte: MustStrazzera
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