A Índia é o país mais perigoso do mundo para se
ser mulher. Os Estados Unidos da América integram o Top 10. Em 2018, a Fundação Thomson Reuters realizou um
estudo sobre os países mais perigosos para as mulheres. O relatório aponta que
uma em cada três mulheres sofre de violência física ou sexual em todo o mundo.
O casamento infantil ainda é uma realidade, com quase 750 milhões de meninas
casadas antes dos 18 anos. Na maioria dos casos, as crianças acabam por
engravidar e colocar a sua saúde em risco.
1.ÍNDIA
− Violência sexual e tradições colocam a
Índia em primeiro lugar De acordo
com o relatório da Fundação Thomson Reuters, a Índia é o pior país para uma
mulher viver. Entre os principais motivos estão a violência sexual, o tráfico
para trabalho doméstico, trabalho e casamento forçados e a escravidão sexual.
A
pesquisa, realizada entre março e maio, foi feita por 550 especialistas em
questões sobre mulheres, da Europa, África, América, Sudeste Asiático, Sul da
Ásia e Pacífico.
Para
o estudo, os profissionais entrevistaram académicos, equipas de saúde, trabalhadores
de Organizações Não-Governamentais, responsáveis políticos e comentadores
sociais.
A
Índia foi também classificada como a mais perigosa devido às práticas culturais
e tradicionais, como os ataques com ácido, o casamento infantil e a mutilação
genital feminina.
A
história de Laxmi Saa é apenas uma de muitas. A jovem indiana foi atacada com
ácido depois de ter recusado casar-se com um homem de 32 anos. Laxmi tinha
apenas 15 anos. Em 2016, foi protagonista de uma campanha para a marca de roupa
Viva N Diva, com o objetivo de mudar os padrões de moda e beleza da sociedade.
A
menstruação também é vista como um tabu pelos indianos. Há quem acredite que as
mulheres menstruadas são impuras e, por isso, milhares de mulheres submetem-sea histerotomias para poderem trabalhar.
Casos
como estes fizeram com que o país fosse várias vezes manchete por crimes de
violência sexual contra mulheres.
Em
Resumo: A Índia lidera o ranking como o país mais perigoso para as mulheres.
Ocupa o primeiro lugar em três aspetos: risco de violência sexual e assédio
contra as mulheres, perigo em práticas culturais e risco de tráfico de pessoas.
2.
AFEGANISTÃO – Os especialistas dizem que
as mulheres ainda enfrentam problemas graves 17 anos após a deposição do
Taliban. É considerado o país mais perigoso em termos de violência não sexual,
cuidados de saúde e discriminação. Foi acusado pelas Nações Unidas de permitir
que a brutalidade generalizada de género fique impune.
3.
SÍRIA − É o terceiro país mais perigoso
para as mulheres, após sete anos de uma guerra civil que matou 510.000 sírios.
Com 5,5 milhões de pessoas a viver em campos de refugiados, ocupa a segunda
posição dos países com menos acessos à saúde e com mais violência não sexual.
4.
SOMÁLIA − O país está em conflito desde
1991 e, segundo as Nações Unidas, metade da população precisa de ajuda
humanitária. As práticas tradicionais e culturais são um risco constante para
as mulheres. A Somália foi classificada o terceiro país com menos acessos a
cuidados de saúde e ocupa a quinta posição no acesso a recursos económicos.
5.
ARÁBIA SAUDITA − Embora ocupe a 5ª
posição no geral, o reino conservador foi considerado o 2º país mais perigoso
em termos de acesso económico e discriminação, inclusive no ambiente de
trabalho e em termos de direitos de propriedade. Apesar das iniciativas para
aumentar a participação feminina no trabalho, continua a ser alvo de críticas
pela prisão de ativistas dos direitos das mulheres. O país está classificado
como o segundo pior em termos de acessos a recursos económicos e discriminação.
6.
PAQUISTÃO − O Paquistão encontra-se na
sexta posição, mas ocupa a quarta em termos de recursos económicos,
discriminação e tradições culturais e religiosas. Uma em cada três
paquistanesas sofre de violência física por parte dos maridos e centenas são
mortas por membros da família todos os anos.
7.
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO − Milhões
de pessoas enfrentam péssimas condições de vida após anos de guerra. A RDC
ocupa a segunda posição no que diz respeito à violência sexual, com as
Organizações Não Governamentais a sublinhar que 2018 foi o pior ano em termos
de abusos sexuais contra mulheres e crianças.
8.
IÉMEN − Ocupa a oitava posição devido
aos maus acessos a cuidados de saúde e a recursos económicos, ao risco das
tradições culturais e à violência sexual. O país está a enfrentar a crise
humanitária mais urgente do mundo: há 22 milhões de pessoas a precisar de
cuidados básicos.
9.
NIGÉRIA − Grupos de direitos humanos
acusam os militares do país de torturarem, violarem e matarem milhares de civis
durante o confronto de nove anos contra militantes do Boko Haram. Mas o país
destaca-se pelo tráfico humano, categoria em que ocupa a quarta posição. Todos
os anos, milhares de nigerianas são enviadas para a Europa e exploradas
sexualmente.
10.ESTADOS
UNIDOS − O décimo lugar vai para… os EUA.
A fechar a lista dos dez países mais perigosos do mundo para se ser mulher
encontram-se os EUA. O país que foi palco e impulsionador dos movimentos #MeToo
e Time’s Up, contra o assédio e violência sexual, surpreendeu os especialistas
ao integrar este ranking. É o único país ocidental mencionado no relatório.
Em
2017, várias atrizes denunciaram casos de abuso sexual contra figuras de topo
de Hollywood e o caso do antigo produtor Harvey Weinstein foi paradigmático.
Weinstein foi acusado de assédio sexual e violação por dezenas de mulheres e a
onda de denúncias deu origem ao movimento #MeToo. O cofundador dos estúdios
Miramax e da Weinstein Company será julgado a 6 de janeiro de 2020.
Ranking por categoria
CUIDADOS DE SAÚDE
Inclui acesso geral a
optometristas, dentistas, médicos de clínica geral e médicos especialistas.
VIOLÊNCIA SEXUAL
Inclui violação por
parte de um estranho ou do parceiro, assédio ou pressão sexual e falta de
acesso à justiça nesses casos.
DISCRIMINAÇÃO
Inclui discriminação no
trabalho, direitos territoriais, de propriedade ou herança, falta de acesso à
educação e alimentação adequada.
VIOLÊNCIA NÃO SEXUAL
Inclui abuso doméstico,
físico e mental.
TRADIÇÕES CULTURAIS
Inclui ataques com
recurso a ácido, mutilação genital feminina, casamento infantil, casamento
forçado, abuso físico e infanticídio feminino.
TRÁFICO HUMANO
Inclui servidão
doméstica, trabalho e casamento forçado e abuso sexual.
Fontes: Fundação Thomson Reuters, CM, Forbes