A campanha 'Corta com a violência. Quem não te respeita não te merece.' tem como objetivo sensibilizar os mais jovens para determinadas formas de violência que podem ter lugar na escola, como o bullying, a violência no namoro e a violência sexual, chamando sobretudo a atenção para formas de violência mais subtis e, muitas vezes, menos valorizadas, tais como o gozo, a humilhação, a intimidação, os comentários de natureza sexual e as atitudes controladoras nas relações de namoro. Com esta campanha pretendemos promover nos jovens uma atitude: a de quem não me respeita, não me merece! (APAV)
30 de junho de 2014
29 de junho de 2014
27 de junho de 2014
CINTURÃO NEGRO Junho 2014
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26 de junho de 2014
PROTEJA O SEU FILHO DO CRIME
Ensine o seu filho a defender-se e poderá reduzir significativamente o risco de ele se tornar vítima de criminosos.
– André era ainda palmo e meio de gente, seis anos feitos há
poucos meses. Aquele dia ensolarado estava perfeito para um jogo de futebol com
os amigos no extenso relvado em frente da fonte luminosa, no centro de Lisboa.
Mas uns delinquentes estavam decididos a estragar-lhes a
brincadeira. Aproximaram-se deles e, por entre alguns palavrões e ameaças,
roubaram-lhes a bola, revistaram-lhes as roupas e exigiram-lhes uns trocos.
Depois foram-se embora.
Esta foi a primeira vez que o
André foi vítima de um assalto, mas não seria a última. Ainda se lembra bem de
quando, uns anos depois, estava a passear à noite com uns amigos e uns matulões
chegaram-se ao pé deles com um ar ameaçador: “Passem p’ra cá o dinheiro!” Ao
que o André respondeu: “Não temos nada.” Eles não acreditaram. Alguns safanões
– “Deixa cá ver os bolsos!” –, e as moedas caíram no chão. Irritados, os
agressores distribuíram murros e pontapés…
– Quando a Marta regressou a Lisboa
depois de umas férias em casa dos avós, no Alentejo, guardava consigo um
segredo que nenhuma criança de sete anos deveria suportar. Insegura e
angustiada, à noite as lágrimas caíam-lhe mudas, e pedia a cama dos pais para
dormir. Na escola, a professora encontrava-a frequentemente a chorar sozinha.
Os pais pensavam que a Marta
talvez tivesse visto algo na televisão que a tivesse impressionado, mas quando
a menina começou a entrar em pânico sempre que era deixada em casa dos avós, a
mãe julgou chegar a hora de pedir ajuda.
Do SOS Criança a
resposta foi clara: alguma coisa tinha acontecido, pelos que os pais deviam
tentar que ela falasse. Num dia em que estavam as duas sozinhas em casa, a
Marta desabafou: “Mãe tenho uma coisa para contar”, disse, soluçando.
“Mãe o senhor M., vizinho dos avós, leva-me para casa dele e obriga-me a
fazer-lhe coisas.”
As histórias de pequenos
roubos, furtos e extorsões, em que se pode ficar sem a bola de futebol, o
relógio, o telemóvel ou o dinheiro para o lanche na escola, são comuns entre os
nossos jovens. Chega a ser estranho morar em Lisboa ou Porto (concelhos onde se
regista a maior taxa de criminalidade) e atingir os 14, 15 anos sem nunca ter
sido vítima de um assalto.
O abuso sexual de menores é de
facto um outro cenário dramático em Portugal. Na maioria das vezes, o agressor
é um familiar da vítima ou alguém próximo da família, um vizinho ou um
conhecido. Infelizmente, na maior parte das vezes, as situações de abuso sexual
são ocultadas ou as queixas não chegam à fase de julgamento por falta de
provas. As participações mostram ser apenas a ponta do icebergue como têm
demonstrado os meios de comunicação social com particular destaque
para o caso “Casa Pia”.
Uma coisa é certa: uma
criança esclarecida tem muito mais hipóteses de se manter em segurança.
Segundo os psicólogos, se as crianças souberem detetar, reconhecer e
defender-se dos perigos que as rodeiam, mais facilmente os evitarão. É
possível ensiná-las a dizer não, melhor. Elas devem também saber que, embora
aja pessoas amigas e de confiança, existem outras que são perturbadas e podem
fazer-lhes mal.
Como diz um conhecido psicólogo
a “Prevenção criminal deve começar no processo educacional e de socialização
das crianças (prevenção primária). Elas devem conhecer o problema da
toxicodependência – através de um discurso orientado pedagogicamente para a
necessidade de fazer escolhas e opções conscientes – e saber que existem miúdos
pouco mais velhos que elas que, por esse facto, vivem uma vida marginal e para
os quais valores como a felicidade, o bem-estar, a realização e o sucesso
deixam simplesmente de fazer qualquer sentido”. (J.B.)
Mas
como pôr o seu filho de alerta sem que ele fique amedrontado e inseguro?
Poderá começar a ensiná-lo desde os três ou quatro anos, adoptando uma
linguagem apropriada à idade e exemplificando através de jogos ou com a ajuda
de bonecos como deverá agir em caso de perigo.
Eis
alguns conselhos que podem ajudar o seu filho a sentir-se mais confiante e a
evitar situações de perigo:
Ensine-lhe as
Regras Básicas. Há certas coisas que uma criança deve aprender o mais cedo
possível:
– Nome
completo, morada e telefone;
– O primeiro e
último nome dos pais e os respetivos números de telefone do trabalho;
– Como marcar
o 112 numa emergência. (Desligue o telefone e deixe o seu filho praticar.)
– Considerar
os polícias que patrulham as ruas do seu bairro e a entrada da escola como
pessoas boas, de confiança, que existem para ajudar e proteger em qualquer
circunstância.
Explique-lhe Onde
Procurar Ajuda. A esquadra da polícia ou locais movimentados, tais como lojas e
restaurantes, são os mais indicados. Faça o percurso até à escola com o seu
filho e indique-lhe exatamente quais os locais seguros e aqueles que deve
evitar.
Diga-lhe também quais são os vizinhos de confiança a quem
ele poderá recorrer em caso de aflição. Visite-os e peça-lhes para alertarem a
Polícia se observarem qualquer situação anormal. Saberão assim que você conta
com a ajuda deles para proteger o seu filho, e este não se sentirá inibido se
tiver de pedir-lhes ajuda.
Ensine-o a
Defender-se. É essencial que o seu filho perceba que tem o direito de protestar
se alguém o importuna. Se um estranho o aborda, poderá gritar “Este não é o meu
pai/mãe!”, de forma a chamar a atenção. Se ele tentar agarrá-lo, gritar e
espernear não é o suficiente, pois pode facilmente ser confundido com uma
típica birra infantil. Diga ao seu filho que poderá mordê-lo ou
enfiar-lhe os dedos nos olhos para que ele o largue. É
preciso repetir à criança que, por vezes, as pessoas maldosas têm um ar
simpático e que é preciso desconfiar sempre das pessoas desconhecidas, mesmo
que elas a chamem pelo nome. Recomende-lhe que não fale com estranhos e muito
menos que aceite presentes deles.
Uma boa ideia é levar o seu filho
a experimentar uma aula de autodefesa para crianças. O Núcleo de Defesa Pessoal
de Lisboa tem o programa Dynamic Anti-Bullying, pode-se experimentar uma aula e
inscreve-lo no programa se ele gostar.
Dê exemplos de possíveis situações e de
como proceder: se um desconhecido lhe pedir que o
ajude a procurar o cão que fugiu, o seu filho deverá responder-lhe que não faz
sentido um adulto pedir ajuda a uma criança e que vá pedi-la à Polícia.
Pode também acontecer que o
agressor se faça passar por uma autoridade e tente convencê-lo de que os pais
tiveram um desastre. Frise bem que ele tem todo o direito de se recusar a ir
onde quer que seja com quem quer que seja.
É preciso também que o seu
filho saiba quem é que está autorizado a ir buscá-lo à escola, como no caso de
quem habitualmente o faz não possa ou até mesmo numa emergência. Insista com
ele para que não saia com mais ninguém.
A criança também deve saber que
tem o direito de recusar qualquer contacto físico que a incomode. Se ela não
gosta de dar um beijo a alguém, não a obrigue. Um aperto de mão também serve
para cumprimentar as pessoas.
No entanto, em caso de assalto,
o seu filho deverá colaborar entregando de imediato dinheiro ou outro objeto
que o assaltante exija. Nestas circunstâncias é perigoso opor resistência
porque o criminoso pode estar armado. É sempre aconselhável seguir a via menos violenta
e não colocar a sua integridade física em risco.
Segurança na Rua. Sempre que possível as crianças devem
andar acompanhadas, se não pelos pais, por alguém mais velho ou por um grupo de
amigos.
Ensine o seu filho a brincar com um amigo ou em grupo,
aconselhe-o a evitar áreas escuras e isoladas, tais como descampados, ruas
pouco iluminadas ou prédios vazios, e que tenha muito cuidado com as
brincadeiras noturnas na rua.
Alerte-o para caminhar com confiança e estar atento ao que o
rodeia. Os criminosos são peritos em descobrir vítimas fáceis, crianças que
pareçam perdidas, confusas, tristes ou perturbadas.
Se um carro o segue enquanto caminha na rua, o seu filho deverá dar meia volta
e caminhar na direção contrária. Não é provável que o condutor faça o mesmo,
atraindo assim as atenções. Diga-lhe também para se manter afastados pelo menos
5 m de um veículo que pare para pedir informações (mostre-lhe a que corresponde
essa distância). Faça-o perceber que é uma boa opção dizer “Não sei” e
continuar caminho. Em caso algum – mesmo que a pessoa diga que vem da parte
dos pais – deverá a criança aceitar uma boleia de uma pessoa que não conhece.
Ao usar os transportes públicos, certos cuidados devem ser tidos em conta. Apesar de os
carteiristas não representarem um perigo potencial para as crianças, pois sabem
que não andam com muito dinheiro, é bastante útil seguir algumas regras
básicas: andar com pouco dinheiro e distribui-lo por vários bolsos, pôr a
carteira num bolso junto à pele, ficar o mais perto possível do condutor ou de
outros passageiros conhecidos e saber perfeitamente o percurso que realiza e o
e o local da sua paragem. Deverão transportar o menor número possível de malas
ou sacos e também evitar dormir, ler ou ouvir música, isto poderá distrai-las
do percurso e do que se passa ao seu redor.
E, naturalmente não deverão
andar com objetos de valor, como fios de prata ou ouro e relógios de marca, à
mostra. Também é preciso ter um especial cuidado se o seu filho transporta um
telemóvel, deve ser discreto. É enorme a quantidade de crianças e adolescentes
que são assaltados para lhes roubarem o telemóvel.
Segurança na Escola. Uma grande parte da violência contra
crianças e jovens ocorre na escola ou nas suas imediações. Por outro lado, a
agressão muitas das vezes surge da parte de outros alunos. Um inquérito efetuado
por professores da Universidade do Minho a 6197 alunos de estabelecimentos de
ensino do 1º e 2º ciclos do distrito de Braga, revelou que pelo menos 21%
das crianças consideram ter sido vítimas dos seus colegas durante o último
período letivo, pelo menos três vezes
Mesmo que a escola do seu filho
pareça segura, mantenha-se atento. Comece por aderir à associação de
pais e participe nas reuniões. Mantenha um contacto regular com a diretora de
turma. Fale também com outros pais, de forma a saber como convivem outras
crianças com a escola.
É muito importante que
esteja atento aos comentários do seu filho e converse com ele. Se ele
lhe disser que tem medo de certos colegas ou receia ir à escola, saiba se tem
sido vítima de violência por parte de outros alunos. Esteja também atento à
possibilidade de o problema ser um professor ou um funcionário – e não ponha de
parte a hipótese de abuso sexual. Contudo, ouça sempre os dois lados da
história antes de exigir que se tomem medidas.
Ensine-o a não resistir se se sentir
ameaçado. O melhor é tentar fugir, mas, se não o conseguir, mais vale ceder do
que perder a saúde ou a vida. Se ele tiver sido roubado, fale com o conselho diretivo
e exija que façam uma participação à Polícia.
Se o seu filho realmente não se
sentir seguro, considere a hipótese de o mudar de escola. Se não for possível,
aconselhe-o a evitar alunos que consumam drogas, se envolvam em brigas com
frequência ou tenham atitudes de prepotência.
Segurança na Vizinhança. É obrigação dos pais saberem, em qualquer
altura, onde se encontra o filho, mesmo que ele só tenha ido a casa dos avós,
do outro lado da rua. Conheça os amigos dele, bem como os seus números de
telefone, os nomes dos pais e onde vivem.
Um telemóvel seria uma forma de
poder contactar o seu filho a qualquer altura, mas, isso pode contribuir para
torná-lo num alvo apetecível para os larápios. Um bip ou telemóvel simples pode ser
uma melhor opção, o seu filho lerá as mensagens que lhe enviar.
Finalmente, ensine algumas
regras básicas de segurança em casa, como, por exemplo, trancar as portas. Se
estiver sozinho, nunca o deverá revelar ao telefone. A resposta correta será
dizer que os pais não podem atender de momento, mas que ligarão mais tarde.
(Exercite este tipo de conversas com o seu filho de forma a que ele saiba como
responder).
E quando chegar a idade do
emprego em part-time, conheça a morada e o telefone do local. Se o
trabalho consiste em tomar conta de um bebé, tente conhecer os pais primeiro.
Marque horas ao seu adolescente para chegar a casa.
Lembre-se de que a segurança dos
filhos nas ruas depende muito dos pais e daquilo que aprendem com estes em
casa. A prevenção é interiorizada por rotinas, compete à família ensiná-las aos
filhos.
Se o seu filho for vítima de
algum tipo de violência, procure ajuda imediatamente. Além das forças
policiais, existem instituições que poderão ajudá-lo. Mesmo que uma criança
seja vítima de uma ofensa aparentemente insignificante, leve-a a sério e ouça-a
com atenção. Acima de tudo, não a culpe pelo que possa ter acontecido. Ninguém
merece ser vítima duas vezes – muito menos uma criança.
CONTACTOS ÚTEIS
SOS - Criança –
O Instituto de Apoio à Criança pretende dar resposta a
todas as situações relacionadas com crianças e jovens, dispondo de recursos
humanos qualificados nos campos da psicologia, educação e assistência social.
Das 09:30h às 18:30h – Tel. 217 931
617
Criança Maltratada – Projecto de Apoio à Família e à Criança – Dias úteis das 10h às 20h – Tel.: 213 433 333
Recados da Criança – Informação e Encaminhamento – Dias úteis das 09:30h às 17:30h – Tel.: 800 20 66 56 (Chamada Gratuita)
APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – Dias úteis das 10h às 13h e das 14h às 17:30h – Tel.: 707 200 077
Criança Maltratada – Projecto de Apoio à Família e à Criança – Dias úteis das 10h às 20h – Tel.: 213 433 333
Recados da Criança – Informação e Encaminhamento – Dias úteis das 09:30h às 17:30h – Tel.: 800 20 66 56 (Chamada Gratuita)
APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – Dias úteis das 10h às 13h e das 14h às 17:30h – Tel.: 707 200 077
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