Luís
Fernandes, psicólogo e investigador, co-autor do livro «CyberBullying - Um Guia
para Pais e Educadores», explica como reagir perante estas situações e indica o
que nunca, mas nunca, deve fazer.
Dados do Programa Escola Segura e da GNR indicam que o bullying
nas escolas portuguesas aumentou nos últimos anos. O número crescente de
queixas que tem chegado às autoridades também o confirma. Luís Fernandes,
psicólogo e investigador na área do bullying e da violência na escola, confirma
esse crescendo, explicando que se trata de “comportamentos
agressivos entre crianças e jovens em idade escolar”.
“São
ações repetidas que nascem de um desequilíbrio de poder, através de agressões
físicas, psicológicas e/ou sexuais, algumas realizadas via internet e
dispositivos digitais [cyberbullying]”, refere. “Pais e
educadores devem atuar rapidamente pois o bullying só pode ser vencido com o
apoio de toda a comunidade educativa, sendo essencial que vítima, agressor e quem
assiste à agressão sejam acompanhados”, diz.
COMO
AGIR
Siga as orientações de Luís Fernandes, psicólogo e investigador
na área do bullying e da violência na escola.
Com o
seu filho
- Dê o seu apoio. “Seja solidário com a criança/jovem
transmitindo-lhe que poderá contar consigo em qualquer circunstância, que irá
resolver a situação. Caso tenha sido o próprio a contar o que está a passar-se,
elogie a sua coragem”, aconselha o especialista.
- Evite acusações. “Não acuse a criança/jovem por, de alguma
forma, ser responsável pela situação. Isso não ajuda em nada a resolução do
problema e fragiliza mais a vítima”, assegura o psicólogo e investigador.
- Envolva-se. “Vá acompanhando a situação de perto, pois
isso transmite segurança e permite ainda monitorizar e intervir precocemente
perante novas situações que possam surgir”, realça o especialista.
Com a
escola
- Defina um plano de
atuação. “Contacte o professor
titular da turma [no primeiro ciclo], o diretor de turma [nos outros ciclos de
ensino] e/ou a direção da escola para perceber se estão a par da situação e
definir-se um plano que proteja a criança/jovem”, sugere Luís Fernandes.
- Conheça o regulamento
interno. “Saiba quais os
procedimentos previstos para estas situações, se existe um regulamento interno
que refira os comportamentos que não são aceitáveis, assim como as suas
consequências”, recomenda o psicólogo e investigador.
- Informe-se sobre o caso.
«Apure se as agressões e/ou humilhações decorrem há muito tempo e quais os
principais locais onde costumam ocorrer e se existem desconfianças por parte
dos pais do agressor», insiste o especialista.
- Sugira uma ação de
sensibilização. “Sensibilizar quem
assiste à agressão é uma mais-valia para a resolução destes problemas. Sugira
uma ação pedagógica junto dos colegas do seu filho”, sugere ainda.
Com o
agressor
- Nunca o contacte. “Evite
contactar diretamente os agressores ou os pais destes a pedir satisfações ou a
exigir que estes deixem de incomodar os seus filhos, pois esta situação poderá
agravar as agressões», alerta o psicólogo Luís Fernandes. psicólogo e
investigador., co-autor do livro «CyberBullying - Um Guia para Pais e
Educadores», publicado pela Plátano Editora, em parceria com Sónia Seixas e
Tito de Morais.
- Procure um mediador.
“O ideal será entender se existem pessoas
que funcionem como mediadores da própria situação, como, por exemplo, um
diretor de turma ou o coordenador dos diretores de turma (normalmente um dos
docentes mais experientes da escola), o psicólogo (caso exista) ou o diretor da
escola”, sugere.
“A participação dos funcionários é igualmente fundamental uma
vez que a maioria dos casos ocorre nos recreios e/ou espaços comuns da escola”,
realça ainda o especialista português.
OS
NÚMEROS DO BULLYING
- 25% das crianças e jovens em idade escolar, seja como vítimas,
agressores ou nesse duplo papel [vítimas que se transformaram em agressores],
estão envolvidas em casos de bullying.
- 616 casos de bullying registados mensalmente em Portugal.
- Mais de 50% das vítimas não denunciam as agressões.
- 70% das situações de bullying ocorrem nos recreios e/ou
espaços comuns da escola.
Texto: Carlos Eugénio
Augusto e Luís Fernandes
(psicólogo e investigador na área do bullying e da violência na escola e
co-autor do livro “CyberBullying - Um Guia para Pais e Educadores”, publicado
pela Plátano Editora, em parceria com Sónia Seixas e Tito de Morais.)