Roubos, raptos, sequestros,
violações, agressões graves e carjackings invertem descida que vinha desde 2010.
Foram 14398 crimes violentos - 40
a cada dia - comunicados às polícias, com pelo menos uma vítima em cada queixa,
o ano passado, em Portugal, o que fez essa categoria aumentar 3% em relação a
2018: a primeira vez que tal acontece desde 2010. Mais roubos na via pública,
em comércios, mais raptos e sequestros, mais violações, mais agressões graves e
mais carjackings (roubos de carros). O crime em geral também subiu. O ano
passado as polícias registaram mais de 335 mil crimes, mais 0,7% (2400) em
comparação a 2018.
De acordo com o Relatório Anual
de Segurança Interna de 2019, os roubos na via pública foram os crimes
violentos que mais subiram em 2019. Foram quase seis mil casos (mais 627,
+11,8%). Os roubos em comércio subiram para 432 (mais 29,8%). E os carjacking
foram 126 (mais 20 casos, +18,9%). Os roubos em escolas também subiram: foram
32 (+23,1%). Os roubos, nas diferentes formas, somados atingem os 75,9% do
total de crimes graves e violentos. Desciam desde 2009.
As agressões graves foram 661
(mais 82 casos, +14,2%) e o ano passado houve 338 raptos e sequestros (mais 65,
+23,8%). As violações foram 431 (+2,4%) - é o terceiro ano consecutivo de
subida dos números deste crime em particular. Os crimes de homicídio voluntário
consumado desceram em 2019 para 89 (menos 21, -19,1%), ainda assim um valor
mais elevado que 2016 (76) e 2017 (82).
O relatório destaca ainda o
aumento da delinquência juvenil (cometida por jovens entre os 12 e os 16 anos).
Há 1568 registos (mais 86, +5,8%), invertendo o decréscimo de anos anteriores.
Associada a esta, a criminalidade de grupo registou 5215 casos (mais 715,
+15,9%), também contrariando a curva de descida que apresentava.
A violência doméstica subiu
11,4%. Foram registados 29 498 crimes na categoria (mais 3015, +11,4%). A moeda
falsa também disparou em 2019: 13 705 apreensões (+45%), num total de 1 milhão
de euros (+68%).
Burla informática sobe − O relatório destaca as 16310
burlas informáticas denunciadas em 2019 (mais 6527, +66,7%). Houve 10 990
"outras burlas" (-4,7%).
Agressões simples − As agressões simples também
aumentaram. O ano passado foram registadas 23 279 (mais 455, +2%). Ameaça e
coação também: 15136 (+5,1%).
Distritos a subir − Castelo Branco (+20,7%),
Portalegre (+10,5%), Faro (+8,3%) e Aveiro (+5,9%) são os distritos a liderar a
subida do crime geral.
800 polícias a menos − PSP, GNR, PJ, SEF e Polícia
Marítima terminaram 2019 com 44 642 elementos (45 522 em 2018). Saíram 1284
polícias e apenas entraram 411.
Pandemia fez descer crimes em 2020
Neste ano, devido à pandemia
provocada pela covid-19, a criminalidade pode ter uma diminuição substancial.
Dados policiais relativos ao primeiro mês do estado de emergência mostram que a
PSP registou 7852 crimes entre 13 de março e 17 de abril, menos 50% do que em
igual período de 2019, quando ocorreram 17 458.
Os dados indicam também que as
detenções feitas pela Polícia de Segurança Pública baixaram 60,4% no mesmo
período, passando das 2780 em 2019 para as 1104 este ano.
O relatório, assinado pelo
ministro da Administração Interna, refere que os crimes que mais desceram
durante aquele período, segundo a PSP, foram o furto por carteirista (-91,9%),
condução por excesso de álcool (-82,9%), ofensas à integridade física
voluntária simples (-67,2%), furto em veículo motorizado (-58%) e furto de
oportunidade (-82,5%).
Por outro lado, os crimes que
mais subiram na área da PSP, que atua nos centros urbanos, foram a
desobediência (94,3%), a burla com fraude bancária (67,6%), outros roubos
(114,3%) e resistência e coação sobre funcionário (12,8%).
Portugal − um dos países mais
seguros do mundo
Apesar do aumento da
criminalidade em 2019, Portugal continua a ser um dos países mais seguros do mundo.
A criminalidade geral em Portugal
aumentou 0.7% e os crimes violentos 3%. No entanto, continua a estar no top
três dos países mais seguros do mundo, segundo o Relatório Anual da Segurança
Interna.
O ministro da Administração
Interna sublinhou recentemente que o relatório de segurança interna de 2019
demonstra que Portugal é “um dos países mais seguros do mundo”, e que “o
aumento residual” da criminalidade geral se deve fundamentalmente ao
crescimento da violência doméstica, que está relacionado com a proatividade
policial, e burla informática.